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A Grande Estrela
 
 
                   Ontem aconteceram dois comícios aqui em Itacaré. Confesso que fui a nenhum dos dois. Um era pra ser em Taboquinhas, um bairro bem distante. Zona rural. Outro, aqui na cidade. Esta só tem uma entrada por terra: pela rodovia que liga Ilhéus até aqui. Esta rodovia transforma-se em ladeira, entra pela cidade e se une à rua principal do centro.
                   Moro no alto da ladeira, km 01 da rodovia, onde se deu a concentração do candidato vermelho, da situação. Achei meio estranho, pois havia sido divulgado amplamente, o comício do maior adversário, amarelo, ( que escapou juridicamente do ficha limpa – as tais liminares!!! Argh!) exatamente, no mesmo horário. A concentração deste último seria lá embaixo na orla, mas teriam que passar por aqui, para chegarem ao destino, na roça.
                   O amarelo saiu um pouquinho antes e pegou o vermelho começando a querer descer a ladeira. Encalacraram, exatamente, em frente à minha casa. Imaginem o barulho. Uns três ou quatro carros de candidatos a vereador, com seus sons: espanta-eleitor. Um pior que o outro. Um mais desafinado que o outro. Tem um que o vocalista, tenho certeza, estava com muito sono. A má vontade com que o cara canta, é de se envergonhar. Enfim, deve ter sido só mais um episódio do famoso – Tudo por dinheiro!!! –
                   Junto com os carros, um batuque de escola de samba. Dois ônibus, um de cada “candidato” pararam quase lado a lado. E, ficaram. Mais atrás um ônibus de linha chegando de Ilhéus ficou preso também. Eu, com a luz apagada, assistindo tudo pela janela.
                   Confesso aos senhores que tive bastante receio, que as pessoas se exaltassem e descambassem à violência. Mas, não. Comecei a reparar, que o que movia aquelas pessoas era o desejo baiano inconfessável de uma boa festa! Uma folia! – Gente na rua! – Batuque! Flagrei com meus próprios olhos, pessoas se abraçando, de lados opostos. Desfilando pelo meio dos carros, cada um com uma bandeira diferente.
                   O tempo parado irrita a qualquer um, mas ali, não. As pessoas estavam curtindo, de verdade. Quem não estava na farra, mas acabou preso, comportou-se direitinho também. Uma hora depois de tudo parado a PM chegou e começou a tentar resolver o impasse. O que levou mais uma hora. Os carros haviam subido na calçada também. Foi necessário recuar os veículos do vermelho, desviá-los pelo Bairro Novo, para que os amarelos pudessem passar.  Isto também, se deu em total paz. Fiquei tão animado, que fui pra rua, ver o movimento. Realmente, inacreditavelmente, tudo correu e acabou bem. Pelo menos, aqui, com o problema do trânsito.
                   As pessoas que estavam nos veículos coletivos: ônibus, caminhão, pick-up... Ali estavam, afirmo-lhes, categoricamente, estavam pela festa. Pelo diferente! Por um pouco de diversão, e algum agradinho, claro, que deve ter rolado, pra trazer as pessoas da roça pra cidade.  
                   De ato político, em seu pleno sentido, nada houve. O que houve foi uma pequena agitação, pra distrair a multidão. A desorganização dos dois partidos, demonstra, claramente, a precariedade absurda na política local, em seu conceito mais amplo... ... ... !!! Até aqui, novidade alguma. O motivo desta crônica é a paz. A grande e única estrela do espetáculo. Qualquer atividade, qualquer manifestação, que ocorra dentro dos domínios iluminados da paz, tem a conivência do universo. Brilha! Faz bem!




Continua, de verdade, em poesia e música, no link abaixo:

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Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 23/09/2012
Reeditado em 23/09/2012
Código do texto: T3896946
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