Como lidar com a solidão em 38 linhas
Como lidar com a solidão em 38 linhas: seria um best seller! Um marco inestimável da literatura de auto-ajuda! A página de cabeceira de um oceano de solitários! Porém o que se pode fazer é procurar dentro da gente as coisas que mais gostamos em nós mesmos e que não dependa de outrem para que preenchamos os pensamentos. Sim, porque tudo que temos são eles, os pensamentos. Escolhamos então os que mais gostamos e que não estejam no rol dos que nos deixa tristes, saudosos ou deprimidos. Talvez seja esta a coisa mais importante que as pessoas querem dizer quando mencionam a frase “você tem primeiro que gostar de si mesmo”. Provavelmente, gostar de si deve ser gostar dos seus próprios pensamentos sem necessariamente gostar apenas deles. Não esqueçamos que nossos pensamentos são em muito formados das interações que temos com outras pessoas. Depois de praticarmos o pensar abstrato, pode-se dizer assim, podemos pensar o concreto que são os afazeres que o solitário tem bastante, já que cuida de sua vida sem ajudas, ou pelo menos com pouca. Isso toma grande parte do que seria o ócio da mente. Há ainda as ações de lazer pessoais, íntimas e intransferíveis. Aquelas em que precisamos estar a sós para que nos sintamos confortáveis ao fazer, como ler, ver filmes, escrever, brincar com jogos eletrônicos. O vazio que permanece segundo alguém que possa estar se dizendo que continuaria ao ler tudo isso não seria o vazio necessariamente da solidão, seria mais um resultado de carência de afeto ou, pior ainda, de saudade de alguém, o que é outra coisa. A solidão a que me refiro é apenas viver só e aí lembremos o lado positivo: disponibilidade para qualquer convite epoder voltar quando quiser para a paz do cafofo eleito lar e encontrar tudo tal como se deixou, ali, esperando para ser usado; escolher sem obstáculos o que fazer e o que pensar, cantar ou falar e, eventualmente, com quem. É quase certo que o grande estimulador da solidão é a falta de dinheiro, como de resto o é em relação a outras mazelas humanas. Penso que os suicidas ricos não se mataram por serem ricos. Certamente o fizeram por outros motivos. De qualquer maneira não se precisaria ser rico! Apenas ter o suficiente para viver com a dignidade que o universo do seu imaginário menos ambicioso lhe sugerisse. Algo além das posses é o sonho que, olhando-se sem agressividade, fará parte daqueles pensamentos gostosos do solitário (tal como dos não solitários) e que guardados os devidos limites propiciados pela maturidade, serve, de repente, como meta de vida.
Feliz solidão!