SABES DA ÚLTIMA?

No prédio que eu morava, há alguns anos atrás, observei que algumas mulheres estavam seguidamente na porta de outros apartamentos conversando baixinho com as vizinhas. Ao lado do meu apartamento tinha uma senhora que, a cada vez que ouvia o barulho da porta abrindo, vinha correndo tentar me contar algo sobre algum condômino. E nunca era nada bom. Por três vezes ela fez isso, nas três vezes eu desconversei, não alimentando o assunto e ela não teve outra opção a não ser desistir das "reportagens" negativas que queria me repassar. Quando conheci a síndica, meus cabelos eriçaram! Ela era a mãe e mentora das fofocas do prédio! Sabia a hora que saiam e a hora que chegavam todos os moradores do edifício! Cheguei à conclusão que ela não dormia! No fundo, não sei se era digna de raiva ou de dó! Era uma coroa, solteira e creio que sozinha no mundo, porque nunca vi pai, mãe, cachorro, papagaio com ela. Não tendo com o que se preocupar, achava-se no direito de cuidar da vida no prédio. E, como tinha as ajudantes de plantão, a fofoca corria solta. Puxa, a gente mal tem tempo de cuidar da vida da gente e essas pessoas incursionando e fazendo hora extra na vida dos outros!

Estive pesquisando e descobri que falar da vida alheia é um hábito do tempo das cavernas e que teria ajudado à evolução humana. A conclusão, a seguir, é de Frank McAndrew, da universidade norte-americana Knox College: “Para obter sucesso nos grupos sociais, os homens pré-históricos tinham de saber sobre a vida das outras pessoas e o que elas sabiam fazer”. Ou seja, tirar vantagem das fraquezas do adversário! O perigo é a fofoca, de tanto ser fofocada, acabar se tornando uma verdade aceitável. Dizem, por exemplo, que Johannes Brahms estrangulava gatos para reproduzir sons em suas sinfonias. E que Michelangelo matou um homem para estudar anatomia. Nessas alturas do campeonato, quem vai provar se é verdade ou é uma fofoca que se cristalizou na História?

E, para não fugir à regra: Sabes da última? Não? Pois não sou eu quem vai contar... afinal, não sou fofoqueira!

Giustina
Enviado por Giustina em 22/09/2012
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