CRÔNICAS DE MINHA ALMA: NO PECADO NÃO EXISTE AMOR...
 
 
Seja qual for o pecado, nele não existe amor, porque todo e qualquer pecado é um ato deliberado de desamor infame, repugnante, insuportável, visto que o pecado é sempre uma ofensa contra o amor de Deus, contra o próximo e contra quem o pratica. Quem vive no pecado, vive desligado de Deus, porque em Deus não existe pecado algum (cf. Tg 1,13), ainda assim, a misericórdia divina nunca desiste do pecador, basta o arrependimento, a confissão e o perdão, para que volte ao estado de graça, ao estado de comunhão com o Senhor.
 
De fato, quem vive no pecado, vive ligado ao mal e passa a ser comandado por ele em suas ações. É por isso que vivemos numa sociedade tão pervertida, corrupta, injusta, maléfica, soberba, desigual, onde os vícios ao que parece imperam; onde a guerra, a fome e a miséria campeiam; onde as doenças incuráveis ou não, deitam por terra milhões; onde predomina todo tipo de violência, sofrimento e morte, a tal ponto que parece até que o mal está realmente triunfando sobre o bem; e que Deus, que é amor, parece que também não demonstra mais o seu amor por suas criaturas e nem se importa com tudo isso que está acontecendo.
 
Mas, sem dúvida alguma, esse é um terrível engano. Nem tudo o que parece ser, é essencialmente o que parece, pois tudo o que existe, só existe porque Deus criou e sustenta, porque tudo o que Deus criou é bom, belo e perfeito, e tudo criou somente para o bem. Todavia, como em Deus não existe o mal, logo, todo o mal que se pratica nasce da decisão livre e consciente por esse mal, pois ninguém é mau enquanto não decide livremente pelo mal que quer ser e fazer. Desse modo, mesmo que não se tenha a resposta ou a punição imediata pelo mal feito, porque somos passíveis do perdão divino enquanto vivos estivermos; porém, haverá o momento em que perderemos tudo, até mesmo as precárias seguranças que criamos com nossos vãos raciocínios, tentando encobrir os desatinos praticados, como se toda causa não tivesse um efeito proporcional ou infinitamente maior que tais atos malogrados.
 
Eis as falsas seguranças a que me refiro e que tantos e tantos se apegam a elas, na ilusão de que vão permanecer impunes para sempre. Estas são de ordem material, psicossocial e espiritual. As de ordem material: enriquecimento ilícito, bens adquiridos com dinheiro advindo da corrupção, da venda de armas, da venda de drogas, da exploração dos trabalhadores, da prostituição, do tráfego de seres humanos, dos jogos de azar, etc. As de ordem psicossocial: compra de juízes e de sentenças favoráveis, envolvimento em associações secretas, poder político conquistado a todo custo, exploração e uso da fé dos menos incultos, uso da religião para enriquecimento, etc. E as de ordem espiritual: crenças no esoterismo, nos livros de autoajuda, em horóscopos; envolvimento com religiões espiritualistas, superstições e demais falsas religiões; crenças em seres extraterrestres, etc.
 
Tudo isso é reflexo do abandono das virtudes eternas que de Deus recebemos, trocadas pelas práticas abomináveis que vimos acima. É como nos ensinou São Paulo: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”. (Gl 6,7-10).
 
"Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência". ( Col 3,12). Porque, "Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento". (Tg 2,13). Porquanto, no último momento, cada um receberá de Deus o louvor que merece. (cf. 1Cor 4,5; Hb 9,27).
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando,OFMConv.