Quem Procura, Acha
A gente vive andando em busca de verdades. De vez em quando uma aparece. Por exemplo: quanto maior a ingerência política, pior é o serviço público oferecido à população.
Em termos de serviços públicos, muito pouco do que se faz resulta em melhoria para a qualidade de vida do cidadão. Dá-se o mesmo com os serviços privados, já que aí o que interessa é o lucro.
Toda e qualquer AN (Agência Nacional) no frigir dos ovos se posiciona mais ao lado das pessoas jurídicas (empresários) que deveria fiscalizar do que ao lado das pessoas físicas (usuários ou clientes) que necessitam dos serviços oferecidos pelas empresas. Os pedágios, por exemplo, são aumentados todo ano, apesar dos anúncios das autoridades alardeando o controle da inflação. Os remédios genéricos, que deveriam ser de custo mais accessível, nunca estão nas prateleiras das farmácias.
A situação dos hospitais públicos é sempre a pior possível, sendo comum haver o interesse político por trás das nomeações dos ministros ou secretários de saúde. O mesmo ocorre com os setores de habitação, obras, educação, etc.
O Banco Central, com competência para atuar na regulamentação do funcionamento do sistema bancário, protege muito mais os banqueiros que seus clientes ou os bancários. Se não fosse assim, para ficarmos com um pequeno exemplo, o expediente bancário para o público não seria de 10 às 16h, enquanto, de um modo geral, o expediente normal de trabalho se faz das 9 às 17h.
O uso que o brasileiro faz do automóvel, seu principal meio de transporte, deriva da submissão de nossas autoridades aos interesses dos donos das empresas de ônibus. Ou aos interesses dos principais marchands da indústria automobilística, em troca de favorecimento aos seus projetos políticos. É assim que se explica o descaso de nossos governantes pelo transporte sobre trilhos, que é a efetiva solução para o transporte de massa.
O que são a Lei Seca ou o Choque de Ordem além de instrumentos de arrecadação financeira a serviço do Estado do Rio de Janeiro ou de seu Município? Pode ocorrer que a menos de 500 metros do ponto de atuação dos fiscais da Lei Seca, por exemplo, esteja acontecendo uma falsa blitz ou um arrastão e pessoas estejam perdendo seus documentos, pertences e veículos para os inúmeros ladrões que infestam a nossa cidade. Se não estiverem perdendo suas vidas. O que deveria ter maior prioridade? Combater os marginais e proteger o cidadão ou verificar se o condutor do veículo está em dia com o IPVA e a documentação do seu automóvel?
Nessa época de eleições nunca foi tão interessante andarmos em busca de verdades. De repente podemos até encontrar algumas, fazendo com que nos lembremos do velho refrão popular, “quem procura, acha”.
Rio, 12/08/2010