NAS ARAUCÁRIAS

Assim que terminei o científico no Arqui, em 1958, estávamos morando em Santo André, na rua Álvares de Azevedo. Era uma bela casa térrea, alugada, com um terreno bem grande.

Em meu aniversário, comemorado em 27 de dezembro, resolvemos fazer uma festa, pelos 21 anos! Nesse dia aconteceram coisas que nem é bom comentar, para não criar maiores problemas...! Lembro-me que foi num sábado. Festa bem animada, com vários amigos do Panelinha! Rolou muito chope! Sei que no domingo, na hora do almoço, muitos estiveram lá em casa, para acabar com o último barril, e arrematar o que sobrara de comida.

Passado o Ano Novo, daí alguns dias, eu, o Pedrinho Martin, saudoso amigo, mais o André Didone, viajamos para Curitiba, a fim de prestar o primeiro vestibular que fiz, para medicina. Fomos de avião, na viagem inaugural do Viscount da Vasp, para aquela cidade. Era um avião moderno, turbo-hélice, muito estável. Muitos diziam que, se fosse colocado um cigarro em pé, na mesinha, ele permaneceria sem cair. Não fizemos a experiência comprobatória.

Na capital paranaense, nos alojamos numa pensão, bem na Praça Santos Andrade, onde fica a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná. Já havíamos acertado com um andreense morador de lá, por sinal professor da Faculdade de Farmácia, Dr. Panunzzio, chefe da representação da Rhodia, que teríamos aulas de Física e Química com um colega dele. Fomos com uma boa antecedência, por volta de um mês do vestibular. Sei que passamos o carnaval lá. A pensão era dirigida por uma família. Gente muito hospitaleira. Comida muito boa. Caseira. Havia uma filha muito bonita, que jogava vôlei pela seleção do Paraná, e que ficou grande amiga nossa, não passando disso. Beverli o seu nome.

Um fato interessante aconteceu. O André Didone, filho de família tradicional de Santo André, cujo pai era proprietário de uma tecelagem, após uns três dias, arrumou as malas, e voltou.

Por quê? Disse-nos ele, que sentia falta, e estava com saudade do barulho dos teares!!!

Assim, passaram-se os dias, estudando com o Prof. Max, um alemão que mais parecia um bebedor de chope do que professor, até chegarem os exames. Eu estava relativamente bem preparado.

Posso lhes dizer que fui razoavelmente bem! Havia até uma esperança de sucesso! Mas, como já falei em outras ocasiões, uma mãozinha misteriosa agia! Eu não deveria ser médico! Se o fosse, seria um profissional frustrado! Nunca tive a mínima vocação para a medicina!

Em resumo, fui aprovado pelas notas, mas não alcancei a classificação dentre os candidatos.

Se tivesse entrado, minha vida mudaria completamente, mesmo porque, um rabo de saia já estava rondando a minha pessoa, e fatalmente, eu ficaria por lá, eis que a moça era bonita, e de família bem abastada. E eu,... Apaixonadinho...!

Porém, com a não entrada na faculdade, tudo passou.

Voltei para Santo André, e muita coisa aconteceu depois disso tudo!

Qualquer dia eu conto!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 22/09/2012
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