Bem-vinda, primavera!

 
   “A primavera é uma estação florida/ cheia de encanto e divinal fulgor
   De flores enche o coração da vida/ enche de vida o coração da flor...”
   Essa é a primeira estrofe de uma música que cantávamos no grupo escolar. Já faz tanto tempo! Mas, ainda hoje, sinto a mesma emoção ao me lembrar da música em todo início de primavera.
   Todas as estações do ano têm seus encantos.
  O verão é a estação da descontração e da alegria. É o tempo dos corpos desnudos, dos banhos de mar, de rios e de cachoeiras, das noites quentes cheias de agito.
   O inverno é a estação da elegância, do aconchego junto a uma lareira, do fondue e do vinho. É a melhor época para a reflexão, para a introspecção, para o recolhimento.
   O outono é o tempo de saborear o doce das frutas. Nosso país tropical nos oferece uma infinita variedade de cores e de sabores de frutas, como em quase nenhum lugar do mundo. É um deleite!
    Porém, nenhuma das estações é tão linda quanto a primavera! O colorido e o aroma das flores, o tom de azul do céu, a brisa leve, são um convite ao amor, aos encontros, aos passeios em parques e jardins. A primavera inspira os poetas, os pintores, os compositores, os músicos. Ela provoca encantamento, aguça os sentidos, faz aumentar nossa percepção da natureza. Ninguém consegue deixar de admirar a beleza de um ipê, seja amarelo, roxo, rosa ou branco; os hibiscos de cores vibrantes, principalmente, a vermelha; os pés de manacá, com suas flores delicadas em tons de lilás. Também não podemos deixar de contemplar as orquídeas e sua enorme diversidade, o jasmim, a violeta, a hortênsia, o crisântemo, a azaléia e, claro, a rainha de todas as flores: a rosa.
   Os povos antigos tinham entre seus costumes o de agradecer à natureza, a quem chamavam de Mãe Terra, tudo que dela recebiam. Agradeciam pela colheita, pelas plantas que curavam suas doenças, pelas árvores que garantiam sombra e frescor, pela água que matava a sede e fertilizava o solo.  E faziam esse agradecimento promovendo festivais. O festival da primavera comemorava a fertilidade: “Primavera, tempo de todos os seres – homem, animal, planta – acordarem do repouso do inverno para uma nova fase; quando o mundo se enfeita e se torna mais belo e fértil.”
   O homem “civilizado” de hoje, não cultua tanto a natureza como faziam seus ancestrais. Com sua ânsia de progresso e ganância de poder, abandonou os costumes antigos, deixou de reconhecer as dádivas recebidas da Mãe Terra, e passou a agredi-la. E está pagando um preço muito alto por todo desprezo e por todas as agressões impostas à natureza durante séculos de exploração. Basta observarmos as mudanças que vêm ocorrendo no clima: aumento da temperatura global, excesso de chuva em algumas regiões e falta dela em outras, degelo nos pólos, desertificação em áreas antes ricas em vegetação e antecipação ou atraso nas colheitas (quando não, a perda). Até as estações andam meio “confusas”: às vezes, faz calor no inverno, faz frio no verão.
   Apesar de o homem ter feito tanta bagunça no planeta, felizmente não conseguiu apagar o brilho da primavera. As flores resistem. Elas são nosso alento e nossa esperança de um futuro melhor. Elas nos fazem acreditar em uma vida mais bonita, colorem nossos sonhos, enfeitam nossos dias e perfumam nossas noites.
    As flores ainda haverão de sensibilizar o coração do homem para que ele volte a respeitar e a agradecer à Mãe Terra, pois é dela que depende sua própria vida.
   Seja bem-vinda, primavera!
 
 
                                                            “A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la... e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.” (Cecília Meireles)   
                                    
 
Jorgenete Pereira Coelho
Enviado por Jorgenete Pereira Coelho em 21/09/2012
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