Eu Caí na “Big” Bobeira...
Existem coisas que você não deve experimentar, ou ficará viciado nas mesmas. Não falo de drogas (leia-se: álcool, fumo, jogo e drogas mesmo!), mas de certas ocorrências na vida que nos aprisionam e que depois tornam-se um hábito. Segundo alguns filósofos: somos escravos dos hábitos, sendo que primeiro nós os construímos e depois eles nos constroem, ou destroem.
Sempre lutei, como candidato a intelectual, contra hábitos perniciosos que nos afastam do saber, para mim uma das poucas coisas definitivas e sóbrias, pelas quais vale a pena lutar. No campo de batalha contrário, posicionei o excesso de horas diante de videogames, novelas e programas descartáveis de variados matizes.
Lembro-me de uma antiga crônica de Fernando Sabino na qual ele foi a uma tourada. Diante dos primeiros jatos de sangue, sentiu repulsa e vontade de sair correndo. Porém ele foi-se acostumando, ingressou na diversão, sentiu a vibração do povo e logo estava dizendo: olé, olé! Caiu na vulgaridade assassina. Não atirem os protetores dos animais as primeiras pedras, ainda. Guardem-nas para mim.
Um dos programas com os quais avacalhei, amaldiçoei e reprimi com violência e veemência foi o tal do “Big Brother”. Como aceitar uma fórmula que já vem com o nome escrito em inglês? Os primeiros programas eu ignorei por completo. Em seguida, comecei a incluir qualquer um que declarasse que os assistia na minha lista de estúpidos, burros, idiotas e bitolados. Peguei pesado. Quando dei por mim restavam poucas pessoas de bom senso no mundo.
A partir daí o desastre me abalroou dentro de minha casa. Sempre a família nos põe a perder. Um infeliz goiano inventou de participar e saiu-se muito bem. Foi inevitável que aquela coisa começasse a invadir a minha casa, o meu reino, o meu paraíso. Acabei acompanhando, relutantemente, alguns capítulos. O goiano venceu.
Nesta última versão acreditei que minha família não teria motivo algum para assistir ao programa que eu intitulava “Big Bobeira Brasil”; errei de novo. Começaram a assistir e a gostar. Eu protestei, vejam outra coisa. Leiam livros, desliguem a televisão. Fizeram-se de surdas e mudas. Meu computador, devido a graves problemas com espaço, fica na mesma sala em que a TV. Fui ouvindo o programa, acompanhando o desenrolar das intrigas e conheço agora as personagens.
Se fosse ser um xiita radical, excluiria a minha família do meu convívio. Entre ser um eremita, casto, culto e isolado em sua pedra de sabedoria, e um cidadão cheio de calor humano, tive que me render. Não estou gritando olé, como o Fernando Sabino, mas sei quem deve ou não ir para o paredão – é o fim. Por favor, atirem-me todas as pedras...
Existem coisas que você não deve experimentar, ou ficará viciado nas mesmas. Não falo de drogas (leia-se: álcool, fumo, jogo e drogas mesmo!), mas de certas ocorrências na vida que nos aprisionam e que depois tornam-se um hábito. Segundo alguns filósofos: somos escravos dos hábitos, sendo que primeiro nós os construímos e depois eles nos constroem, ou destroem.
Sempre lutei, como candidato a intelectual, contra hábitos perniciosos que nos afastam do saber, para mim uma das poucas coisas definitivas e sóbrias, pelas quais vale a pena lutar. No campo de batalha contrário, posicionei o excesso de horas diante de videogames, novelas e programas descartáveis de variados matizes.
Lembro-me de uma antiga crônica de Fernando Sabino na qual ele foi a uma tourada. Diante dos primeiros jatos de sangue, sentiu repulsa e vontade de sair correndo. Porém ele foi-se acostumando, ingressou na diversão, sentiu a vibração do povo e logo estava dizendo: olé, olé! Caiu na vulgaridade assassina. Não atirem os protetores dos animais as primeiras pedras, ainda. Guardem-nas para mim.
Um dos programas com os quais avacalhei, amaldiçoei e reprimi com violência e veemência foi o tal do “Big Brother”. Como aceitar uma fórmula que já vem com o nome escrito em inglês? Os primeiros programas eu ignorei por completo. Em seguida, comecei a incluir qualquer um que declarasse que os assistia na minha lista de estúpidos, burros, idiotas e bitolados. Peguei pesado. Quando dei por mim restavam poucas pessoas de bom senso no mundo.
A partir daí o desastre me abalroou dentro de minha casa. Sempre a família nos põe a perder. Um infeliz goiano inventou de participar e saiu-se muito bem. Foi inevitável que aquela coisa começasse a invadir a minha casa, o meu reino, o meu paraíso. Acabei acompanhando, relutantemente, alguns capítulos. O goiano venceu.
Nesta última versão acreditei que minha família não teria motivo algum para assistir ao programa que eu intitulava “Big Bobeira Brasil”; errei de novo. Começaram a assistir e a gostar. Eu protestei, vejam outra coisa. Leiam livros, desliguem a televisão. Fizeram-se de surdas e mudas. Meu computador, devido a graves problemas com espaço, fica na mesma sala em que a TV. Fui ouvindo o programa, acompanhando o desenrolar das intrigas e conheço agora as personagens.
Se fosse ser um xiita radical, excluiria a minha família do meu convívio. Entre ser um eremita, casto, culto e isolado em sua pedra de sabedoria, e um cidadão cheio de calor humano, tive que me render. Não estou gritando olé, como o Fernando Sabino, mas sei quem deve ou não ir para o paredão – é o fim. Por favor, atirem-me todas as pedras...