FICAR! QUEM METE O “PAU”?
Por Carlos Sena


 
Mete-se muito o “pau” nos mais jovens pela onda do ficar. “Ficar” na modalidade de hoje não é novo. É tão velho quanto o homem na face da terra. O que diferencia hoje esse “ficar” é que ele é assumido. Os jovens começaram a ter coragem de assumir que gostam mesmo é do prazer. Esse prazer assumido com tanta objetividade pelos jovens ratifica os seus quereres. Afinal, por que saber de amor se a vida está apenas no começo? Esta poderia ser uma grande tese para a gente compreender o “ficar” enquanto modo de exercer a sexualidade sem afeto, digamos assim. Bem verdade que os meninos são mais adeptos do ficar do que as meninAs, por questões óbvias. Os meninos são os “bodes” e as meninas são as “cabras” como se dizia no passado. Logo, quem tiver suas cabras que as prenda, porque os meus bodes estão soltos, diziam os pais num passado distante.
Evidente que não se pode dizer que os meninos são a excelência do “ficar”. Há meninas que se igualam nesse quesito, mas no geral, o romantismo delas é forte elemento que as conduz para querer, depois do ficar, certo “romance”... Contudo, meninos e meninas ficam sem crise – isto talvez seja a grande “aula” que eles dão aos mais velhos que se escandalizam com o ficar. Eles (os menos jovens) sempre ficaram, mas nunca assumiram. Afinal, a geração passada padeceu e ainda hoje de sofre com esse recalcitrante falso moralismo. O homem saia com uma mulher e prometia céus e terra, mesmo sem ter terra nem céus para essa promessa. Mas a mulher adorava. Quando o homem nada cumpria ela sofria, sofria, sofria, mas fazer o quê? Dito diferente, o homem e a mulher das gerações passadas “FICAVAM” sim, só que não tinham essa consciência. A sociedade e seus valores da época se conformavam com essas atitudes. Hoje não. Os jovens querem trepar e trepam. Dizem antes de ficarem que não querem compromisso. Se os parceiros estiverem com tesão e afim, tudo certo. Ago como “aquilo que foi acordado” não pode ser reclamado. Mas, tudo há um lado que pode engasgar qualquer um. Esse pode ser o grande problema dos ficantes: uma gravidez indesejada, uma doença acometida por não usar preservativo, ou mesmo uma violenta paixão. A paixão! Essa sim. Arrebatadora como sempre foi, pode levar os ficantes a uma grande história de amor ou de ódio.
O melhor do ficar nos dias de hoje é que os mais velhos estão, gradativamente, compreendendo. Afinal é bem melhor uma boa ficada do que uma boa mentira sob o manto maldito da mentira e da falsa sedução. Evidente que quem não gosta de ficar não fique. Contudo, não gostar e não praticar não isenta de compreender que há mais honestidade no ficar do que no permanecer sob o rotulo do falso romance e da enganação afetiva. Em outras palavras, todo amor vale a pena se a alma não for pequena, com licença poética do poeta Manoel Bandeira.