O CAMINHO DAS URNAS

Confesso que sou um péssimo eleitor!

Meu voto é tão podre que foi dado a Carlos Lacerda, Fernando Collor e Jânio Quadros.

O primeiro, emérito orador, inflamado defensor da democracia, principal responsável pela derrubada do então todo poderoso Getúlio Vargas, encerrou, para mim, a luta da sua vida ao procurar aliar-se ao seu arqui-inimigo, Jango Goulart, herdeiro de Vargas, que, pelo menos, teve a ombridade de negá-la.

O segundo, deu no que deu! Entre todos os desmandos do seu governo, acabou com a sacrificada poupança do proletariado, causando um dano irreparável.

O terceiro, elevado à condição de "salvador da pátria", que, acreditando nisso, acabou enfiando os pés pelas mãos e levou o Brasil à beira de uma comoção intestina, ao renunciar e deixar o leme do país nas mãos de um cidadão inteiramente despreparado para o cargo e que terminou sendo manipulado por políticos com interesses escusos, tendo como consequência a intervenção das forças armadas, a pedido do povo, cuja aprovação eu presenciei em Ipanema, quando da investidura do Gal Castelo Branco como presidente do país, frente à sua residência.

Daí para cá, muita água correu por cima e por baixo da ponte e, hoje, adjetiva-se a gerência militar como "os anos de chumbo" e ninguém lembra que a sua intervenção foi uma imposição do povo, porque não havia alternativa!

Ondas de greves, passeatas diárias, quebra-quebras, indisciplina generalizada, desordem e caos infernizavam, diariamente, a vida dos cidadãos e a anarquia, no mau sentido, como sombra agourenta, tomava vulto.

Como numa lúgubre procissão, desfilaram desde então putrefatos cordões de nojentos ladrões, corruptos de toda a ordem, malbaratando o dinheiro público, dilapidando o erário, miserabilizando o povo, escarnecendo de tudo e de todos, certos de uma criminosa impunidade, disseminando o veneno da indignidade por todo o organismo social.

Nunca deixei de votar, mas, infelizmente, o resultado tem sido o mesmo; decepção, vergonha e uma crescente revolta.

Tomei tino! Vou continuar comparecendo às urnas, porém, agora, tenho certeza que meu voto vai , pela vez primeira, beneficiar a minha terra, que vou, realmente, colaborar para que o Brasil reencontre seu caminho, que candidato nenhum vai me decepcionar nem lesar minha pátria ; vou votar em branco!

(não deixe de ler o colega Clayton Marcio)