Saco de gatos
Tudo começou com a chegada de Mimi, uma gatinha de pelo amarelo e olhinhos espertos. Era o xodó dos donos por ser comportada e carinhosa. Com o passar do tempo Mimi foi crescendo e se tornando rueira. Todas as noite ela saia e só voltava pela manhã. De repente Mimi se tornou arisca, começou a engordar e seus donos descobriram que ela estava prenha. Nasceram cinco gatinhos que foram amados enquanto pequenos e detestados quando adultos. Os bichanos pareciam tigres selvagens afiando as unhas no sofá, e arranhando com vontade quem neles estivesse sentado. O pior é que logo as femeas tiveram crias, e a pequena e outrora aconchegante casa, se tornou um celeiro de gatos. Os animais estavam por todo canto, e dormiam onde bem entendiam. Certa ocasião um deles foi encontrado dentro do micro-ondas, e ficou enraivecido quando tentaram arrancá-lo de lá. Ficou decidido que os gatos não eram mais benvindos na casa, e que o melhor era se livrar de todos eles. O dono da casa, um sujeito grandalhão e decidido, preparou um guisado de carne moída, adicionou uma espécie de tranquilizante e quando os gatos já estavam de barriguinha cheia e sonolentos, meteu-os dentro de um saco grande, e pegou um ônibus para o bairro mais distante. Se gato tem sete vidas não sei, mas que eles têm sexto sentido começo a acreditar. Não é que mal o coletivo percorreu algumas ruas, e todos os felinos despertaram? Foi uma barulheira dos diabos! Os animais miavam desesperados enquanto tentavam se livrar. O grandalhão olhava para os outros passageiros envergonhado, e se esforçava para acalmar a gataria. De repente, um dos gatos conseguiu fazer uma pequena abertura, e por ele arranhou com vontade a mão do dono. Esse não foi capaz de continuar segurando a boca do saco e os bichanos se espalharam pelo ônibus. Houve quem se assustasse com aquela inusitada situação e saltasse antes do ponto. Outros se revoltaram com o grandalhão e tentaram linchá-lo. O motorista temendo um desfecho ruim ordenou que o dono dos gatos descesse do coletivo e levasse com ele seus bichos. Desembarcar o homem foi fácil, difícil foi retirar os gatos. Os animais gostaram da viagem e se agarraram nas poltronas se recusando a sair. Foi chamado o pessoal da zoonose e até ambulância, porque para garantir sua estadia no ônibus, os gatos distribuíram unhadas e mordidas a quem deles se aproximaram. Cabisbaixo o grandalhão saiu de fininho do meio da confusão e foi caminhando para casa. Ao chegar, qual não foi a sua surpresa, ao encontrar logo na entrada do portão, quinze dos vinte e cinco gatos. 18/09/2012