CONVERSANDO COM O PSICANALISTA.
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
- O que é que eu vou dizer ao analista?
Afinal, ele não tem nada a ver comigo, sequer me conhece, e vem um amigo e diz: “procure um analista”. – Você já procurou, perguntei. – Nunca precisei. – então como é que você sabe que eu preciso? – Porque você está com muita conversa fiada. – Ah, quer dizer que eu estou com conversa fiada e você me manda para analista. Aí é que a conversa vai ficar mais fiada ainda, porque eu tenho andado é com muita falta de grana. – Vá assim mesmo, que ele faz um precinho bom pra você. – Nem "morta". – Tu ficas aí com essa conversa mole me mandando pro analista, mas eu deveria te mandar mesmo era às favas. – Por que às favas? – Ora, pra conversa mole só fava que é dura pra fazer a dobradinha. – Eu poderia te mandar tomar naquele canto. – Porque não manda. – Pelo visto quem precisa ser psicanalisado é você. – Por quê? – Porque se você já tivesse ido ao analista que está me recomendando, me mandaria tomar no cu direto, sem o “naquele canto”. – Sabe, você tem razão. Acho que vou mesmo procurar um analista, pois eu sou mesmo cheio de amarras, cheio de preconceitos, cheio de bloqueios. – Opa, opa, opa. Pode parar. Você está me fazendo de analista sem me pagar qualquer tostão. – Desculpe amigo, fui mal. – Tá vendo! Não passe remédio para os outros sem que primeiro o tome pra si.
Meu amigo saiu meu cabisbaixo, mas eu fiquei preocupado com essa história de analista. Enquanto aguardava meu ônibus, fiquei pensando: a gente procura um analista pra dizer a ele o que ele não pediu pra escutar. Depois a gente vai querer que nos dê resolução para os nossos problemas, quando não foi ele quem os criou. Tem mais: dizem que a maioria dos analistas não conversa. Aí me lasquei com essa história de pagar a um analista que não tem nada a ver com minha vida e que, por cima disto, ainda não conversa nada. Melhor colocar um boneco na minha frente e ficar falando pra ele. Na verdade, eu me lembro dos tempos de colégio quando corria a boca miúda uma piadinha acerca de analistas. Era mais ou menos assim: dizem que numa sessão de psicanálise o cliente falou, falou, falou e, por cima de tudo, ainda falou. Percebendo que o Analista sequer se mexia, levantou-se do divã e tocou nele. Surpesa: ele estava frio, morto.
Afinal, ele não tem nada a ver comigo, sequer me conhece, e vem um amigo e diz: “procure um analista”. – Você já procurou, perguntei. – Nunca precisei. – então como é que você sabe que eu preciso? – Porque você está com muita conversa fiada. – Ah, quer dizer que eu estou com conversa fiada e você me manda para analista. Aí é que a conversa vai ficar mais fiada ainda, porque eu tenho andado é com muita falta de grana. – Vá assim mesmo, que ele faz um precinho bom pra você. – Nem "morta". – Tu ficas aí com essa conversa mole me mandando pro analista, mas eu deveria te mandar mesmo era às favas. – Por que às favas? – Ora, pra conversa mole só fava que é dura pra fazer a dobradinha. – Eu poderia te mandar tomar naquele canto. – Porque não manda. – Pelo visto quem precisa ser psicanalisado é você. – Por quê? – Porque se você já tivesse ido ao analista que está me recomendando, me mandaria tomar no cu direto, sem o “naquele canto”. – Sabe, você tem razão. Acho que vou mesmo procurar um analista, pois eu sou mesmo cheio de amarras, cheio de preconceitos, cheio de bloqueios. – Opa, opa, opa. Pode parar. Você está me fazendo de analista sem me pagar qualquer tostão. – Desculpe amigo, fui mal. – Tá vendo! Não passe remédio para os outros sem que primeiro o tome pra si.
Meu amigo saiu meu cabisbaixo, mas eu fiquei preocupado com essa história de analista. Enquanto aguardava meu ônibus, fiquei pensando: a gente procura um analista pra dizer a ele o que ele não pediu pra escutar. Depois a gente vai querer que nos dê resolução para os nossos problemas, quando não foi ele quem os criou. Tem mais: dizem que a maioria dos analistas não conversa. Aí me lasquei com essa história de pagar a um analista que não tem nada a ver com minha vida e que, por cima disto, ainda não conversa nada. Melhor colocar um boneco na minha frente e ficar falando pra ele. Na verdade, eu me lembro dos tempos de colégio quando corria a boca miúda uma piadinha acerca de analistas. Era mais ou menos assim: dizem que numa sessão de psicanálise o cliente falou, falou, falou e, por cima de tudo, ainda falou. Percebendo que o Analista sequer se mexia, levantou-se do divã e tocou nele. Surpesa: ele estava frio, morto.
Meu ônibus chega, eu entro e sento. Mas, ainda fico “viajando” nessa história de psicanálise. Ora, se esse cara que se chama analista estudou pra isto ele deve saber como me analisar melhor do que eu. Oxe. Tô ficando doido. Como é que um cara quem não me conhece vai me analisar melhor do que eu? Outro dia me peguei pensando sobre aquele papao do analista. Será que eu não preciso mesmo de um analista?
Esta não é a visão do autor do texto acerca da Psicanálise, mas uma tipificação de como os leigos tende a compreender um processo psicanalítico... Ou não. (?)