FILOSOFIA. DE QUE SE TRATA?

De que trata essa palavra misteriosa, filosofia?

Realmente deve-se abordá-la como mistério, pois procura descerrar os véus do desconhecido, trabalhando com hipóteses e com o que é inexatamente conhecido.

Desse passo, o melhor núcleo de definição que esgota os objetivos dessa atividade, é da ciência que estuda o hipoteticamente desconhecido ou o inexatamente conhecido.

Filosofia desce das encostas de um vulcão impulsionado pelo cérebro chamado pensamento, em forma de lavas, que temperadas pela reflexão se movimentam na direção do que seja a verdade, muitas vezes encontrada na planicie dos valores que se harmonizam.

Essa breve definição, concentradora como se disse do espectro do universo de alcance, sinaliza dificuldades; hipótese e inexatidão. Mas como costumo dizer, o óbvio é pouco percebido e nada avaliado, passa despercebido.

É assim a filosofia, embora sustentada na dificuldade da hipótese, que defino como aquilo que não é, que seria, se fosse, e na aparência do que se conhece com inexatidão.

Como busca a sabedoria, e a palavra grega assim tem sua semântica, amor à sabedoria, há de estar minimamente próxima da verdade.

Parte-se, assim, das explicações mais visíveis para se chegar às ocultas. E por vezes é simples, posto um parâmetro temporal, por lógico, já que as barreiras do tempo impõem fronteiras para o pensamento.

Por exemplo, a felicidade é absoluta ou relativa? Uma mulher amada por dois homens pode fazê-los felizes?

Uma proposição principal hermética e outra acessória. Onde se encontra a primeira verdade? Uma mulher, uma portanto, é amada por dois homens. A segunda verdade, mais fechada à percepção, é ser relativa a felicidade, já que haverá escolha pela mulher por um dos homens que ama a mesma mulher.

Um só será feliz. O valor de absoluto cessa diante das demonstrações da relativização que atinge a tudo e todos sob um fator logista, de lógica que a tudo comanda, cujos grandes fundamentos nos chegaram pela criatividade do estagirita, Aristóteles.

Fica pacífica a chegada ao desconhecido, no caso enunciado, bastante simplório, pela conhecimento do elemento conhecido.

Nessas proposições, o mundo exterior é o objeto, e não se pode chegar filosoficamente às verdades do mundo exterior se não encontrarmos, limpamente e antecedentemente, nossa verdade interior.

Nesse espaço surge fulgurante o espírito socrático e seu método maiêutico. Criada por Sócrates no século IV a.C., a maiêutica é o conteúdo máximo da expressão da verdade na investigação filosófica.

É o encontro da consciência dialética com a verdade, sendo difícil sua interlocução simplista, por ter origem na verdade interior.

Antes da maiêutica operar certezas universais, temos de ser verdadeiros em nossa realidade existencial e interior.

O “nosce te ipsum” socrático – “conhece-te a ti mesmo”, se a isto se dedica o ser humano e assim persevera, na procura e no encontro das verdades universais, expulsa a mentira e faz da humildade seu alicerce proporcionando a saída do desconhecimento para o conhecimento.

A maiêutica é dialética dogmática de interlocução-interrogativa multiplicada.

Com sentimentos como orgulho e humildade, valores como mentira e verdade, por exemplo, contrafeitos que são, pode ser exercitada a maiêutica, na busca de identificar realidades objetivas pessoais.

Na multiplicação de indagações para um interlocutor, também, extrairemos suas verdades contrapostas as suas mentiras.

Por esta razão dá-se o impasse filosófico, poucos conhecem sua própria verdade ou não a admitem.

Verdades de uns são mentiras de outros e não as resolve a maiêutica, apenas identifica e expõe a realidade.

Maiêutica é verdade de um humilde, que contrariando o orgulho, vivia de esmolas e alijou a soberba, coisa para poucos; Sócrates.

A maiêutica exclui a inverdade frente à verdade, como o orgulho se opõe à humildade, pois aquele nunca desce de onde sobe, porque sempre cai de onde subiu, e esta é sempre altaneira.

A introspecção é o grande caminho que nos leva ao “conhece-te a ti mesmo”, ou seja, “ torna-te consciente de tua ignorância”, como sendo o ápice da sabedoria, finalidade maior da ciência mediante a virtude, independente do parto de extrair de alguém suas verdades através da maiêutica.

Era a aura do sábio personificada na voz interior divina do gênio ou demônio.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/09/2012
Código do texto: T3888137
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