FUXICANDO A HISTÓRIA
Acho que professor de História pensa demais e, de tanto enveredar pelas entrelinhas dos fatos, acaba sentindo vontade de ter uma varinha de condão e inverter tudo o que aconteceu ou, pelo menos, aquilo que nos contaram que aconteceu.
Cabral, por exemplo, em vez do Brasil, deveria ter descoberto os Estados Unidos. Já pensaram aportar as caravelas e dar de cara com o País mais poderoso do mundo? Encontrar a democracia a todo vapor? Mas não, ele foi modesto demais e veio colocar os pés na terra da corrupção, da pobreza, do analfabetismo político.
Por sua vez, Cristóvão Colombo poderia ficar tranquilamente gozando a boa vida da Corte e as benesses de Isabel de Castela. Mas, o que fez ele? Lançou-se numa barquinha mar a dentro, rumo ao desconhecido, só para encontrar índios pelados, literalmente.
E a Princesa Isabel que assinou a Lei Áurea e esqueceu de assinar a carteira de trabalho dos escravos libertos? Sem carteira assinada eles foram obrigados a fazer qualquer coisa para sobreviver, engrossando o já tão saturado trabalho informal.
Não esquecendo D.João VI que, em vez de fugir para o Brasil, deveria ter convidado Napoleão Bonaparte para um jantar bem gorduroso e, como sobremesa, oferecido uva e melancia, tudo regado a leite. Seria tiro e queda! Afinal Napoleão iria morrer mesmo, um dia. E assim D.João ficaria com as glórias!
Se até aqui foi um samba do crioulo doido, esta última é para estarrecer até os insensíveis. Escrito em um muro da cidade de Caracas: "Acabe com a pobreza. Mate um mendigo". Essa frase é citada por Eduardo Galeano em "As Veias Abertas da América Latina". Humor negro e cruel! Ainda bem que no Brasil a norma é outra. Matam pela ignorância... É mais demorado mas, em compensação, é mais sutil e não deixa marcas tão visíveis.