EU... CÁ COM MEUS BOTÕES.

Eu... Cá com meus botões.

E ela lá... Com seus batons. E não porque seja mais frívola. Jamais! É porque ela leva vantagem sobre mim. Pode pensar duas vezes. Uma com seus batons e outra com seus botões! E eu, só mesmo, com meus botões.

Então, agora está se explicando porque temos sempre a impressão de que ela demora mais a tomar uma decisão. Não é necessariamente por medo de errar, ou por medo de decidir. Mas é porque, primeiro conversa com seus batons e depois com seus botões. Talvez seja por isso também que, ao abotoar a blusa ou casaco, tenha menos chances de errar nas casas dos botões, e não saia por aí como eu, com a camisa ou casado todo torto sobre o corpo. Claro, porque diante do espelho, ela primeiro pensa com seus batons. Só depois, e bem depois, vai pensar com seus botões. Ou seja. Pode decidir se vai sair com o primeiro bem de cima, aberto ou fechado, e também resolver se o abre ou fecha no caminho. Isto porque foi o que pensou com seus batons. Já eu, se sair com o primeiro botão aberto, posso ser visto como malandro. E se deixá-lo fechado, como sério demais. E pior ainda! Julgado como fazendo tipo sério.

Na conversa diante do espelho, eu vou ficar sério, e ela como primeiro vai pensar com seus batons, vai dar um sorrisinho às vezes maroto. Se eu der um sorriso, ela vai dizer depois que tenho cara de malandro.

Será que serão meus botões a contar meus segredos? Os botões dela podem até contar, mas serão de uma resistência a colocar a prova qualquer persistência. Já os seus batons, talvez seja por isso que sempre ando inventando novas cores e sabores, serão capazes de descobrir, desvendar e até mesmo arrancar os meus mais escondidos.

E sou eu que os crio! Para ficar a mercê dela!

E como ela sabe usá-los! Tanto os batons, como os botões!

E eu... Só, cá com meus botões.

Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com