UMA CRÔNICA INACABADA:
É curioso como exageramos nas expectativas, quando queremos muito alguma coisa. Chegamos a fantasiar de vários ângulos, às vezes multicoloridos, outras vezes exageramos nos detalhes. Pensamos de forma contrária, chegamos a estragar com visões catastróficas. É, muitas vezes, verdadeiramente depressivo.
Sabem, cansei dessa perspectiva fantasiosa, da possibilidade de dar ou não certo. Definitivamente, cansei de viver nessa roda viva, “de desce e sobe”, de bom humor e mau humor, de poucas horas agradáveis e de longas horas de pensamentos sombrios e depressivos. Isso me faz lembrar a música de Chico Buarque, “...tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu...” Eu, definitivamente, não mereço isso. Cansei de viver de mau humor. Preciso conviver com o bom humor.
Saber qual o meu papel, o que faço, porque faço o que faço, aonde isso vai me levar, e porque me sujeito a fazer o tal papel, são perguntas que teimam em ser respondidas. Finalmente, qual é meu espaço, que posição ocupo? Aliás, pela perspectiva do meu manequim, ando ocupando um espaço tremendo. Pior é que comer me dá prazer, que ultimamente não vinha tendo. Afinal, como diz a música “... a vida não é só comida, não é só bebida, diversão, prazer...” Buscar ser feliz é tremendamente desgastante, e por vezes, é uma busca inútil. Acho que estou ficando repetitiva!
Estava pensando, que tal escrever um livro sobre sexualidade? Afinal, teoricamente sou bem equipada em termos de conteúdo. Por onde eu começaria? Acho que começaria com adolescentes, que são vitimas de pais, cuja sexualidade é cumprimento de um dever quase cívico. Nossa! Isso é que é enfado! É pior que viver aos oitenta, apenas lembrando do que fez ou deixou de fazer. Olhar para trás e ver se valeu ou não viver tanto e não ter feito metade do que realmente valia a pena. Ou que tal, o santo leito nupcial, sagrado, familiar, que não pode ser maculado, pelo menos por um dos lados, o considerado mais fraco, despreparado, pecaminoso caminho feminino.
Acho que há esperanças para os que ainda não chegaram à metade desse tempo, ou que avançaram um pouquinho no tempo. Dá pra mudar. Oh, pensar cansa! Ah, que se dane! Vou continuar. Que importa que ninguém leia? Então, não me resta mais nada, a não ser, tentar. Pelo menos, terei a expectativa de fazer algum adolescente pensar sobre, o que é querer ter um relacionamento. Melhor ainda, levar algum adulto pensar sobre sua realidade e resolver mudar o rumo da sua vida. Estou mudando a minha. Mas quem disse que é fácil? Dá um bocado de trabalho!