Era um Corguinho...

ERA UM CORGUINHO...

As cidades assim como as pessoas, não carecem de muita coisa, isto é, de muitos acidentes para oferecer uma ou mais pessoas que conquistam notoriedade por se destacarem numa atividade chamativa.

A centenária cidade de Pitangueira, viajada nos séculos de existência, orgulha-se de ter entre seus habitantes um contador de lorotas, para uns, ou um contador de história para outros, porque ouvintes e estórias jamais lhe faltam.

O turista que visitava a cidade por primeira vez, demonstrava estar muito admirado com a imponência e a grandiosidade do portal, da Igreja Matriz. e questionava o Guia sobre as origens e certas particularidades do artesanato esculpidos naquela construção.

O visitante além de esquadrinhar o portal queria conhecer e saber mais detalhes acerca de sua procedência e edificação, e fez a seguinte pergunta ao Guia

-Sobre essa porta, e os pilares, o que você pode acrescentar além do que a gente está vendo?

-Dizer muita coisa, respondeu o Guia, com gabolice,

. – Pois muito bem, faça o favor; queremos ouvi-lo.

-Conto a estória que vem sendo passada de pai pra filho e de trás para diante, e, já esta no tataraneto, sempre igual, sempre as mesmas palavras.

-E é sempre a mesma estória ou você acrescenta sua contribuição pessoal?

- Falo o que aprendi ouvindo; sou fiel à verdade, e me considero no presente, o legítimo e único dominador da DA HISTÓRIA, do município.

-Então fale-me sobre a estória do portal da Igreja que, por sua aparência carrega muitos temporais na sua existência.

-Se carrega. – Olhe, não é só o senhor que se interessa. As pessoas que nos visitam ficam impressionadas com a grossura desses pilares. Todos com marcas da mais legitima aru eira, transportados de lonjuras imensuráveis, lugares que eu jamais ouvi falar.

-Bem, então conte como esse material veio ter à cidade?-Veio de onde?

-Essa é uma longa estória ORAL. não há nada escrito, meu tataravô que eu não conheci, é que é o legítimo Pai da História. Ele é que contava e repetia tudo, tim-tim por tim tim, prevendo que alguém da família daria continuidade a estória deste lugar e seu evoluir no tempo

-O que ele deixou sobre esse fato e lugar? E de onde veio esse madeirame?

- Ah! Veio das Oropas. Disse e ficou prelibando o efeito da noticia.

-Da Europa? Mas como?. Como se explica ? E o transporte ?

-Aí é que está, como disse Noel Rosa, O X DO PROBLEMA. De carro de boi...

-Mas como? E o mar? Onde é que fica?

-Ah! Tudo muito simples. Naqueles idos, as pessoas não tinham pressa. E acrescentou: Pressa pra quê ?.

-E o Mar? Insistiu o cidadão. –Bem, o Mar se não me falha a memória

o Mar ainda não existia. O único Mar que se tinha noticia era o MAR DA GALILEIA, que ficava pra lá... e fez um gesto com a mão esquerda, indicando a posição geográfica

e completou a informação. Esse Mar a que você me pergunta , naquele tempo estava começando ... e era um simples corguinho, até um menino poderia atravessá-lo a pé .

Ciro

Ciro
Enviado por Ciro em 17/09/2012
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