QUANTO VALE UMA VIDA
No ultimo mês de Julho, estava em casa me recuperando de uma pequena cirurgia, quando recebo um telefonema aflito de uma amiga muito querida. Em seu desespero, ela chorando tentava me explicar que a filha única de 14 anos tinha sentido uma dorzinha na noite anterior. Esta dor foi se agravando e só pela manhã ela tinha sido levada ao posto de emergência.
Depois de alguns exames, ficou visto através de radiografias que era a apendicite que estava bem inflamada já ao ponto de estourar. Pedi que tivesse calma, que eu estava indo de encontro a ela na emergência.
Qual foi minha surpresa ao chegar lá e saber que mesmo correndo risco de morte, o hospital não disponibilizava de vaga no centro cirúrgico, e nem de leitos para uma internação. Depois de tentar acalmar minha amiga, me dirigir até a recepção onde tinha uma fila quilométrica de acompanhantes de outros pacientes que tentavam fazer uma ficha enquanto o pobre paciente padecia em bancos duros de madeira.
Quando por fim conseguir chegar até o balcão, expus a situação da menina, explicando que ela já tinha feitos exames que constatava apendicite e eu queria saber o que poderia ser feito para uma possível internação no hospital. Fiquei pasma quando ouvir da atendente...
- Senhorita, se dê por satisfeita de já ter conseguido fazer os exames! Você tem ideia de quantos que aqui estão e ainda nem conseguiram chegar até o medico?
Juro, naquele momento a vontade que me deu foi de pular aquele balcão e dar na cara daquela mulher, até ela aprender o significado da palavra SOLIDARIEDADE.
Mas eu sabia que por esse caminho só pioraria as coisas, me limitei a respirar fundo e perguntar.
- Senhora, de que vale ter os exames com o laudo de apendicite se o hospital não disponibiliza de médicos para a devida cirurgia?
- Senhorita esse não é um problema meu, procure a direção do hospital – Essa foi à resposta que consegui naquela recepção.
Sabia que ali não conseguiria nada mais, a não ser que partisse para a ignorância, ai com certeza rapidinho toda uma equipe de segurança viria me atender...
Depois de dar uma passadinha no banco onde minha amiga estava com sua menina, peguei os exames com ela, a tranquilizei dizendo que em minutos o assunto estaria resolvido e que a pequena Julinha seria operada pelo melhor cirurgião que tivesse naquele hospital, me afastei antes que ela me perguntasse como eu conseguiria isso. Afinal nem eu mesmo sabia.
Me dirigi a porta do consultório do medico e ali fiquei, sobre os olhares de reprovação dos que já o aguardava,fiquei com o firme propósito de entrar quando o paciente que estava lá dentro saísse. Não deu outra, não foi nem 10 minutos, afinal os médicos de emergência nunca passa mais de 10 minutos com um paciente. Entrei quase que me esbarrando com o que saia. Entrei e já sentando sem ser convidada, e sobre o olhar de reprovação de uma atendente que tinha dentro da sala com as fichas na mão, já fui falando e expondo todo o problema, quando terminei o medico sem levantar a cabeça de algo imaginário que escrevia em um receituário falou.
- Sinto muito não sou cirurgião, minha parte é atender, pedir os exames e dar o laudo, o resto é com o hospital.
Sem dar tempo para eu falar mais nada, mandou que a atendente chamasse o próximo paciente.
Sai daquela sala em lagrimas, não podia voltar e dizer a minha amiga que nada tinha conseguido. Não conseguiria olhar nos olhos daquela menina que se torcia de dor e simplesmente dizer.
-Sabe Julinha, dessa vez a tia não consegui.
Depois de pensar por alguns minutos só vi uma solução... Andei pelos corredores daquele hospital que mais parecia um mausoléu de seres vivos e cheguei até a administração, ali me servirão até cafezinho, pois quando entrei, já fui perguntando qual seria os procedimentos para o caso de uma cirurgia particular...
PARA A SAUDE PUBLICA DE NOSSO PAIS, É ESSE O PREÇO DE UMA VIDA.
OBS: A cirurgia da Julia foi realizada as 16hs daquele mesmo dia, ela se recuperou muito bem e hoje já voltou a fazer todas as atividades que a APAE oferece... Sim, a Julia é uma das minhas meninas.
Depois de alguns exames, ficou visto através de radiografias que era a apendicite que estava bem inflamada já ao ponto de estourar. Pedi que tivesse calma, que eu estava indo de encontro a ela na emergência.
Qual foi minha surpresa ao chegar lá e saber que mesmo correndo risco de morte, o hospital não disponibilizava de vaga no centro cirúrgico, e nem de leitos para uma internação. Depois de tentar acalmar minha amiga, me dirigir até a recepção onde tinha uma fila quilométrica de acompanhantes de outros pacientes que tentavam fazer uma ficha enquanto o pobre paciente padecia em bancos duros de madeira.
Quando por fim conseguir chegar até o balcão, expus a situação da menina, explicando que ela já tinha feitos exames que constatava apendicite e eu queria saber o que poderia ser feito para uma possível internação no hospital. Fiquei pasma quando ouvir da atendente...
- Senhorita, se dê por satisfeita de já ter conseguido fazer os exames! Você tem ideia de quantos que aqui estão e ainda nem conseguiram chegar até o medico?
Juro, naquele momento a vontade que me deu foi de pular aquele balcão e dar na cara daquela mulher, até ela aprender o significado da palavra SOLIDARIEDADE.
Mas eu sabia que por esse caminho só pioraria as coisas, me limitei a respirar fundo e perguntar.
- Senhora, de que vale ter os exames com o laudo de apendicite se o hospital não disponibiliza de médicos para a devida cirurgia?
- Senhorita esse não é um problema meu, procure a direção do hospital – Essa foi à resposta que consegui naquela recepção.
Sabia que ali não conseguiria nada mais, a não ser que partisse para a ignorância, ai com certeza rapidinho toda uma equipe de segurança viria me atender...
Depois de dar uma passadinha no banco onde minha amiga estava com sua menina, peguei os exames com ela, a tranquilizei dizendo que em minutos o assunto estaria resolvido e que a pequena Julinha seria operada pelo melhor cirurgião que tivesse naquele hospital, me afastei antes que ela me perguntasse como eu conseguiria isso. Afinal nem eu mesmo sabia.
Me dirigi a porta do consultório do medico e ali fiquei, sobre os olhares de reprovação dos que já o aguardava,fiquei com o firme propósito de entrar quando o paciente que estava lá dentro saísse. Não deu outra, não foi nem 10 minutos, afinal os médicos de emergência nunca passa mais de 10 minutos com um paciente. Entrei quase que me esbarrando com o que saia. Entrei e já sentando sem ser convidada, e sobre o olhar de reprovação de uma atendente que tinha dentro da sala com as fichas na mão, já fui falando e expondo todo o problema, quando terminei o medico sem levantar a cabeça de algo imaginário que escrevia em um receituário falou.
- Sinto muito não sou cirurgião, minha parte é atender, pedir os exames e dar o laudo, o resto é com o hospital.
Sem dar tempo para eu falar mais nada, mandou que a atendente chamasse o próximo paciente.
Sai daquela sala em lagrimas, não podia voltar e dizer a minha amiga que nada tinha conseguido. Não conseguiria olhar nos olhos daquela menina que se torcia de dor e simplesmente dizer.
-Sabe Julinha, dessa vez a tia não consegui.
Depois de pensar por alguns minutos só vi uma solução... Andei pelos corredores daquele hospital que mais parecia um mausoléu de seres vivos e cheguei até a administração, ali me servirão até cafezinho, pois quando entrei, já fui perguntando qual seria os procedimentos para o caso de uma cirurgia particular...
PARA A SAUDE PUBLICA DE NOSSO PAIS, É ESSE O PREÇO DE UMA VIDA.
OBS: A cirurgia da Julia foi realizada as 16hs daquele mesmo dia, ela se recuperou muito bem e hoje já voltou a fazer todas as atividades que a APAE oferece... Sim, a Julia é uma das minhas meninas.