O império da farofa
No Império da Farofa, não existe o seu rei (imperador). Vou explicar; farofa, é uma receita brasileira de origem colonial, composta por farinha de mandioca ou de milho. Serve como acompanhamento culinário para muitos pratos tradicionais, sejam eles de carne, peixe ou marisco. Foi associada, primitivamente, à mesa dos menos abastados, embora hoje em dia seja encontrada nos restaurantes mais finos. Mais tarde, o termo farofa ficou ligado a factos associados às grandes misturas, que não obedeciam a uma catalogação muito definida. Nalguns casos, esse conceito chegou a ser um pouco depreciativo e pôde ocasionar um certo desconforto. Assim, é fácil transportar essa ideia para universos mais amplos e abrangentes, podendo mesmo ser usada em contextos diversos e inusitados. Então, poderemos dizer que, em termos sociais e políticos, por exemplo, existe uma grande miscigenação de correntes e valores, o que pode facilmente ocasionar uma certa farofa de opiniões e resultados. Já em relação ao comportamento de pessoas ou grupos, o termo farofa pode advir de atitudes mais rudimentares, como por exemplo o uso indiscriminado de comida em lugares não recomendados e posterior descaso com os restos, ocasionando aquilo a que o povo chama de farofa (ou farofice). Gostar ou não de farofa, parece estar profundamente arraigado às origens e costumes de um povo que aprendeu a usar o produto em situações muito diversas e bizarras. Pessoalmente, eu prefiro a farofa culinária, que considero um produto interessantíssimo e saboroso, pleno de criatividade e oportunidade. Já em relação à outra possibilidade, tenho alguma dificuldade em entrar nesse reino, distante e por vezes perdido. Onde me parece que tudo ou quase tudo é permitido e em que sinto como imperativa, a falta soberana de um rei.