ESCREVER DE FORMA AMADORA

O prazer de escrever de forma amadora nos permite publicar sem receios futuros: de uma crítica mais severa sobre nossos escritos, da renegação de nossa parte de algum texto que publicamos em livro.

Eu escrevo para me libertar do silêncio, na solidão, e encontrar respostas para a vida e me tornar melhor. Não me sinto preparado para selecionar e até para julgar qualquer texto que tenha escrito do merecimento de se pôr em um livro e publicá-lo.

Eu escrevo. Alguns podem gostar outros odiar. A opinião do leitor é o referencial e o valor do que publico virtualmente, um balizador da direção correta ou incorreta de minha palavra. Se fosse dada a honra de publicarem uma seleção de textos de minha autoria, prontamente, teria a atitude de dizer: - escolha o que querem publicar!

Sou contrário ao custeio de uma publicação. E contrário à exposição excessiva dos meus escritos. Parece engraçado, escrever e publicar na internet sem ter a preocupação de ser lido por muita gente. Trabalho no caminho do leitor que tenha prazer da leitura do que ouso publicar. Sem estrelismo, sem querer um “status” de escritor, sem a necessidade de chamar atenção e outros “sem” no decorrer da minha trajetória no mundo das palavras.

Escrever é uma responsabilidade enorme. Vidas se cruzam pelas palavras. Homens e mulheres se formam e burilam seu caráter a partir das palavras. Todo cuidado é pouco em expô-las.

Silêncio!

A palavra pede passagem na profundeza mais recôndita e escura de nossa alma. Ouçamos a palavra se formar e a deixemos florescer, na calma de uma primavera iniciando seu desabrochar. Não cheguemos ao verão antes do tempo! Todo texto tem uma gestação e um motivador especial.

Ah! Se pudesse escreveria, sempre! Mas eu ainda sou daqueles que vivenciam as palavras por dias e dias a fio, que se calam para escutá-las, que se deixam levar pela inspiração, que ousam escutar o chamado de Deus, mesmo que este chamado se dê inesperadamente e sem eu perceber.

O meu caminho na escrita não se faz pela linha reta do tempo histórico e nem se dá ao pensamento de uma possível publicação em papel. Nem sequer, e isto é incrível, visa à divulgação dos textos que publico. Quando acordo inspirado, quando vem uma iluminação de publicá-los eu arrisco-me na aventura da divisão do meu mundo interior, da minha vida com quem cruzar o caminho das minhas palavras. Tenho textos para alguns dias. Muitos dias se restarão solitários se os publicar em quantidade. E o que importa? Uma palavra lida me contenta, uma que seja, e que me possa compartilhar felicidade ao sabê-la lida.

E assim, segue a minha labuta. O meu processo de criação. Isolado, desprendido de vaidades, sem pressa, sem necessidade de holofotes, de grandes índices de leitura e de elogios. Todavia, me furtar da palavra? Mesmo que simplória? Esta atitude, não! Porque a palavra me transforma num sujeito melhor e me faz (descobrir) meu mundo interior, necessitado de ser Vida real, também!