HELLO, CRAZY PEOPLE!
Nem sempre o barulho de uma explosão vem de um cilindro de gás, um bueiro, um molotov. Pode vir de um comportamento trinitrotolueno (TNT), ou de uma garganta puramente nitroglicerinica.
Esse é um breve perfil, traçado por mim, de Newton Duarte, o Big Boy. Disk jockey mais importante da história da música no Brasil, responsável por vários lançamentos de discos importados nas rádios, apresentador de programas de tv, animador de bailes, produtor de discos, colunista em diversos jornais e revistas. Big Boy pode ser considerado o primeiro profissional multimídia brasileiro.
Nascido na cidade de São Paulo sempre foi, desde criança, apaixonado por música, principalmente rock. Viajava para o exterior e trazia discos raros que eram chamados de “discos piratas” por terem tido edições limitadas, (hoje, os “piratas” são cópias).
Aos sábados, na Rádio Mundial, às dezoito horas, apresentava o programa “Cavern Club”, especializado em Beatles. Eu vinha correndo da “pelada” para ouvir o programa, enquanto tomava banho, antes de sair para “a boa” da noite.
Freqüentei vários bailes da equipe Cash Box com a presença de Big Boy, o som que rolava era Soul Music, tendo como ícone o exuberante James Brown, além de músicas inéditas no lado de cá do equador.
Big Boy deixou um acervo de cerca de vinte mil títulos, entre LPs e compactos, a maioria importados, que abrangem vários estilos de músicas como, rock, jazz, blues, rock progressivo, soul music, músicas francesas, trilhas sonoras de filmes, orquestrais,etc.
Como todo adulto que teve uma infância e adolescência saudável, sinto saudades ao lembrar daqueles tempos em que blacks e cocotas dividiam as pistas de danças, cada um no seu estilo, mas curtindo o que de bom era oferecido. Todos dentro da loucura discreta e inofensiva. E nada pode ser mais representante daquele tempo do que o bordão de Big Boy: “Hello Crazy People!”