AS EMINÊNCIAS PARDAS e ‘OS MESMOS’

Desde que o mundo é mundo, sempre existiram figuras humanas que, de uma forma ou de outra, sempre estão por trás do poder político. E o poder político, sem dúvidas, é o maior dos poderes, pois regula os demais, principalmente o Poder Econômico. Daí porque, figuras aparentemente apagadas, sem brilhantismo, mas sagazes e vis, que jamais se preocupam com a ética ou com o moral, ficam sempre por ‘detrás das cortinas‘, como uma espécie de contra-regra (sem querer ofender a figura do contra-regra, que é quem dita o caminhar de uma peça teatral, de cinema, programas de rádio, tv, etc). Ele nunca aparece e quando o faz, é ‘anônimo’, valendo-se apenas de uma ou outra ocasião para protagonizar alguma coisa. Sempre instrui alguém a fazê-lo. Esta maneira de agir no obscurantismo, através de interpostas pessoas, jamais o coloca frontalmente em posição de perigo. Se ele não aparece, nada tem a ver com isso ou com aquilo... Deu certo? Bem... Ah, não deu certo, bem, também... E assim o tempo passa...

Lembro-me, na minha cidade natal, Poções, que haviam tais figuras, a vida inteira servindo aos chefes políticos, mas com sutileza, sem ferir, sem agredir, mas agindo na calada da noite, nas trevas da imoralidade e da anti-ética, pensando e repensando os passos a seguir, ou melhor, para instruir que alguém seguisse, sempre para beneficiar-se ou beneficiar o ’rei’. E estas figuras viveram e morreram, outras ainda estão vivas, sempre por detrás da crista da onda. São uma espécie de surfistas fantasmas, todos sabemos que existem, mas não dão as caras...

Aqui em Conquista, existem algumas destas figuras odiosas. Em tempos pretéritos já nomeei algumas delas através dos meus jornais, em artigos sob minha assinatura, muitas vezes não fui compreendido, mas cumpri meu dever de denunciar à comunidade alguns elementos que se valem da obscuridade para impedir que o progresso e o desenvolvimento cheguem, se não for pela sua ótica desprovida de brilho, mas apenas no intuito de beneficiar-se deste ou daquele projeto.

Estas figuras, a princípio são dóceis e até ficam próximas das pessoas de boa fé para assimilarem os objetivos dos projetos que apresentam. Depois, valendo-se do ardil e da covardia que lhes é inerente, ‘trabalham’ para esvaziar as sessões, os encontros, as reuniões, para que os autores desistam; e se não conseguem barrar as iniciativas, e se o projeto segue adiante, procuram a todo o custo boicotá-lo. Funcionam como coveiros de tudo que não lhes saia da mente doentia.

Infelizmente, o meio cultural é o maior alvo destas figuras.

Procurem ver aqui em Conquista, uma cidade que tem mentes brilhantes, mas que é dirigida, em alguns setores, por pessoas, digamos, não tão bem providas intelectualmente. O problema é que, por trás destes dirigentes, estão as tais eminências pardas, objeto deste artigo.

A mesmice tem sido uma marca nesta cidade, que vem se acentuando através dos anos. A arte por aqui fica por conta de um grupo que costumamos denominar de ‘os mesmos’. Quem vai tocar no São João, no Natal, na festa da cidade ou no evento tal? ‘Os Mesmos’. Até um amigo que mora há pouco mais de três anos aqui em Conquista, observou: “ Por que, todas as vezes que vou a uma solenidade ou festa pública, são sempre ‘os mesmos’ artistas que se apresentam?” E eu entendi que ele, embora seja um novo morador, pois quem mora em algum lugar a apenas três anos, é um morador recente, mas é um intelectual e observador pela própria natureza, já identificou ‘os mesmos’, dos quais eu me refiro.

É assim. As eminências pardas, também são as mesmas. Todos os anos, apesar da UESB/FAINOR/FTC, etc terem uma plêiade de intelectuais em áreas diversas, que poderiam ser entrevistados pelos jornais, revistas, pelas emissoras de rádio e TV para deixar suas impressões sobre a história ou sobre a cultura conquistense, apenas ‘os mesmos’ é que são ouvidos. Só ‘os mesmos’ têm voz e vez. Porque ‘os mesmos’ são designados pelas eminências pardas para se pronunciarem. A entidade mais antiga da cidade tem um presidente que é eleito sem eleição, isto é: as coisas acontecem com a ata de eleição indo por algum preposto colher assinaturas de mão em mão. Pra que sessão pública. Publicação de edital, candidatos concorrentes? Pra que? ‘Os Mesmos’ sabem o que fazem e não devem ser mudados.

O Centenário do grande poeta Camilo de Jesus Lima foi comemorado de forma grotesca. A Assembleia Legislativa assinou com a Casa da Cultura um convênio no ano de 2011, para publicação da obra completa do poeta. Não sabemos o que aconteceu. O certo é que as instituições culturais não prestaram a Camilo a homenagem que ele merece. Daí Jeremias Macário ter designado em um artigo de sua autoria, de ‘comemoração chocha’, o que nós também subscrevemos. Deveria ter havido a união de toda a comunidade cultural para realizar um evento marcante. Mas ‘Os Mesmos’ e as Eminências Pardas não deixam.

Quosquae tandem (até quando) ‘Os Mesmos’ e as ’Eminências Pardas’ persistirão?!

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 15/09/2012
Código do texto: T3882902
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