as Ráfias de dona Salete
Se me dissessem: "estrangeiro, toma desta cidade o que bem te servir, o que te for de necessário e leva contigo". É certo que desdenhasse os gramados, os vinhedos e as Azaleias da avenida central. Pudesse até, talvez, num ímpeto, querer abarcar um pouco do frio desses ares e uma taça, uma taça apenas de um bom e tinto Armador Carménère. Mas qual o quê, que nem o rascunho da receita do suculento sanduíche de bacon do hotel, a saúde não me cede permissão. Por fim, certamente, no bolso da camisa de listras azuis, guardaria a voz tão terna de dona Salete a me chamar de "mineirinho", e, nas mãos, o vaso de Ráfias, as maltratadas Ráfias que abandonei no canto do saguão, outono passado.
Uma voz amiga cuidada no peito e um verde esquecido entre as mãos. É o que sempre se me fez necessário.