A maioridade de uma saudade

Hoje a saudade não coube em mim. Foi grande demais.

Dezoito anos e a minha incapacidade de esquecer, jamais permitiram que a deixasse pelo caminho.

Não gosto de lembrar-me da última vez em que a vi com vida. Seus olhos estavam tão assustados e roupa que vestia não combinava em nada com aquele calor infernal. Prefiro lembrar-me da penúltima quando, na sua casa, você preparou uma “gororoba de Minas”, como vivia chamando aquele prato à base de fubá que eu adorava e passamos boas horas dando risadas de tudo e de todos, como era bem nosso costume.

Você foi uma ótima amiga para mim e do fundo do coração, sempre me pergunto se consegui ser o mesmo para você.

Sinto falta de muitas coisas, inclusive dos quebra-paus homéricos que, virava e mexia, tínhamos. Nosso quarteto nunca mais foi o mesmo e ainda que quiséssemos, seria impossível. O anel que tu nos deste, nem era de vidro e nem se quebrou, está pousado sobre o veludo, sendo guardado e apreciado de vez em quando, selando a promessa que nós quatro fizemos de amizade eterna.

Somos amigas ainda, embora tenhamos tomado rumos totalmente diferentes do que sonhávamos. Você ficaria muito surpresa. O destino e seu senso de humor...

De você guardo tudo o que foi bom e acho graça do que não foi. A juventude e suas inconsequências.

Apego-me às boas e divertidas lembranças, como daquele dia, quando todas nós saímos para comprar um presente para nossos namorados e, depois de procurar, acabamos optando pela mesma camisa. Pelo menos algo pode ser dito a nosso favor, escolhemos cores diferentes. Só não contávamos que eles iriam resolver usar no mesmo dia, né?

Essa e mais um monte de aventuras, fizeram cada momento que vivemos valer a pena e pode passar o tempo que for, aonde você estiver saiba que continuará viva na memória e que suas cores e alegria continuam impressas no meu coração.