Casarão: a questão do dualismo

   
 
            Por mais que queiramos evitar, o dualismo é uma realidade que acompanha nossa existência.
            O conceito dele é explicado pelas formas como aparece.  Trata-se de antagonismo de valores ou mesmo situações.  Bem, mal; bom, mau; belo, feio e assim sucessivamente.  O dualismo incomoda, mas não nos livramos dele.  É regra estabelecida pelo homem ou pela realidade, como no caso saúde, doença.
            Não atende ao meio termo; não se conhece um homem relativamente bom, ou mau.  Ou ele é uma coisa ou outra.  Talvez esta seja a forma que mais incomoda nesta realidade, que não é fictícia, como alguns poucos querem fazer acreditar.  A situação intermediária, quase sempre denotando equilíbrio na balança, é cantada como sendo ideal para o ser humano, os grupos e a coletividade.  Mas nem sempre ela pode ser desta forma, no meio, no ponto de equilíbrio de forças ou estados.  Ninguém é meio doente, por exemplo.  Ou meio sério na conduta social.
            Talvez esta forma de só ser aceito nos extremos faça do dualismo uma realidade intolerável.  O assunto é delicado, realmente.  Por isso, incomoda.  Por outro lado, não pode ser colocado à margem da vida social.  As exigências da vida não permitem a prática dos crimes.  Não permitem a conduta suspeita dos governantes, ou as incertezas dos juízes.
            Foi esta realidade incontestável que me levou a escrever “Casarão”, onde procurei mostrar apenas alguns lados do dualismo que nos acompanha.
            Não possuindo formação filosófica, evitei todas as maneiras de abordar o romance curto desta forma.  Deixa-se o leitor pensar como bem entenda; não está sendo dada aula, neste caso, inoportuna e chata.
            Da mesma forma, como o dualismo apresenta lados inesgotáveis, apenas poucas formas do mesmo aparecem no texto, algumas vezes disfarçadas, se é que consegui realizar o feito.
            “Casarão” não é livro de filosofia, é um romance comum, sem linguagem acadêmica ou mesmo disposto a levantar polêmica.
            Quando o escrevi, quis apenas mostrar os dois lados diferentes de uma mesma moeda.  Mais nada.    


imagem:    Museu do Café, capa do livro ainda em avaliação.
Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 14/09/2012
Reeditado em 14/09/2012
Código do texto: T3881415
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