MANDA QUEM NÃO SABE PEDIR, OBEDECE QUEM TEM MEDO
Diz o ditado: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Toda vez que me lembro de tal filosofia a ela me rebelo e digo, depende. Há casos em que manda quem não sabe pedir, obedece quem tem medo.
Respeito, obediência e disciplina são regras e princípios. Valem para comandantes e comandados. Isto é regra ou, como queiram, normas. Se nada disso houvesse viveríamos o absolutismo, o anarquismo. Então, partindo do comportamento individual tem-se o coletivo e é disso que resultam as normas de conduta social. As leis não surgem do nada; vêm das atitudes comportamentais. Se todos harmoniosamente convivessem, desnecessários seriam os órgãos controladores.
Dizem também que educação é tudo. E eu concordo. É o ponto básico, fundamental para a civilização. Eu diria até que educação é a melhor de todas as religiões. Mas torno aqui a colocar um depende: estupidez não se resolve quando educação demais atrapalha. Isto é paradoxo, sei. Mas se a teoria pouco convence, a prática diz o contrário.
A procuradora tinha fama de durona. Aquela “sargentona” considerada e temida por todos. Sem olhar direito para ninguém, era capaz de receber e assinar papéis sem perceber quem os entregava. Só se desmanchava em sorrisos para com os seus “iguais em categoria”.
Um dia fui chamado à sala dela. De pé, insolente e autoritária, recebeu-me apontando para uma cadeira à sua frente:
- Sente-se.
Permaneci de pé.
Novamente um sente-se, num tom mais áspero.
- Não doutora, desculpe-me, não quero me sentar.
- Sente-se, já falei. Estou mandando. - Disse-me apontando-me o dedo, já histérica.
- Não vou sentar, caralho!!!... Falei alto e em bom som, enquanto apertava-lhe fortemente a mão de tal maneira que o grito seguinte ela o soltou de dor e susto.
E acrescentei: diga o que tem a dizer-me aqui e agora, mas antes retire de minha frente este dedo nojento e o enfie onde quiser, contanto que o lave depois e venha dizer o que quer para ouvir o que não quer. Não sou o capacho que se borra às suas ordens nem o puxa saco que lhe carrega processos. Trate-me de igual para igual, sob pena de arcar com as consequências.
Estática, perplexa, a tal procuradora murchou as orelhas, deu um sorriso amarelo e desistiu do “sapo” que ia me pagar.
Vieram os curiosos. Os bajuladores também. O caso chegou ao Corregedor. Este veio gentilmente me sondar e eu lhe disse: formalize, doutor. É da sua competência. Terei imenso prazer em fundamentar e protocolar minha defesa.
- Melhor esquecermos esse mal-entendido, amigo. Disse-me com algumas tapinhas no ombro.
Não sei por qual razão a procuradora tornou-se tão solícita e simpática, comigo e com todos.
___________
Diz o ditado: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Toda vez que me lembro de tal filosofia a ela me rebelo e digo, depende. Há casos em que manda quem não sabe pedir, obedece quem tem medo.
Respeito, obediência e disciplina são regras e princípios. Valem para comandantes e comandados. Isto é regra ou, como queiram, normas. Se nada disso houvesse viveríamos o absolutismo, o anarquismo. Então, partindo do comportamento individual tem-se o coletivo e é disso que resultam as normas de conduta social. As leis não surgem do nada; vêm das atitudes comportamentais. Se todos harmoniosamente convivessem, desnecessários seriam os órgãos controladores.
Dizem também que educação é tudo. E eu concordo. É o ponto básico, fundamental para a civilização. Eu diria até que educação é a melhor de todas as religiões. Mas torno aqui a colocar um depende: estupidez não se resolve quando educação demais atrapalha. Isto é paradoxo, sei. Mas se a teoria pouco convence, a prática diz o contrário.
A procuradora tinha fama de durona. Aquela “sargentona” considerada e temida por todos. Sem olhar direito para ninguém, era capaz de receber e assinar papéis sem perceber quem os entregava. Só se desmanchava em sorrisos para com os seus “iguais em categoria”.
Um dia fui chamado à sala dela. De pé, insolente e autoritária, recebeu-me apontando para uma cadeira à sua frente:
- Sente-se.
Permaneci de pé.
Novamente um sente-se, num tom mais áspero.
- Não doutora, desculpe-me, não quero me sentar.
- Sente-se, já falei. Estou mandando. - Disse-me apontando-me o dedo, já histérica.
- Não vou sentar, caralho!!!... Falei alto e em bom som, enquanto apertava-lhe fortemente a mão de tal maneira que o grito seguinte ela o soltou de dor e susto.
E acrescentei: diga o que tem a dizer-me aqui e agora, mas antes retire de minha frente este dedo nojento e o enfie onde quiser, contanto que o lave depois e venha dizer o que quer para ouvir o que não quer. Não sou o capacho que se borra às suas ordens nem o puxa saco que lhe carrega processos. Trate-me de igual para igual, sob pena de arcar com as consequências.
Estática, perplexa, a tal procuradora murchou as orelhas, deu um sorriso amarelo e desistiu do “sapo” que ia me pagar.
Vieram os curiosos. Os bajuladores também. O caso chegou ao Corregedor. Este veio gentilmente me sondar e eu lhe disse: formalize, doutor. É da sua competência. Terei imenso prazer em fundamentar e protocolar minha defesa.
- Melhor esquecermos esse mal-entendido, amigo. Disse-me com algumas tapinhas no ombro.
Não sei por qual razão a procuradora tornou-se tão solícita e simpática, comigo e com todos.
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