O Alimento de Deus
Ninguém me convence do contrário que estamos aqui para desenvolvermo-nos mental e espiritualmente. O nosso nascimento é a representação clara dessa busca, pois do nada surgimos, tornamo-nos carne e sangue, mente e uma, permita-me colocar, extensão de espírito. Se não for assim, para quê tudo isso? Apenas para crescermos, multiplicarmo-nos, apequenarmo-nos nas exigências de uma vida, sofrermos, gozarmos, usufruirmos, padecermos, alegrarmo-nos? Vivermos com a certeza do término? Presos à limitação da vida, pois conscientes da morte? Não, eu não acredito nisso, nem quero acreditar, realmente!
Eu sou mais do que isso, muito mais do que isso. Eu sou uma concepção, uma ideia, um sonho, um desejo. É isto que eu sou. Não sou diferente de nada que compõe o Universo, pois sou do mesmo princípio eterno.
Não me importa saber para onde vou depois dessa minha existência. O que me importa é como devo viver esta minha existência, o quanto intensamente devo dignificá-la. É isto que me importa, tão somente.
A minha busca é para tornar-me melhor, mais digno do desejo que fui e sou. Conceber-me a cada momento naquilo que realmente fui pensado, amado, esperado. Não sou um ser qualquer, assim como nada é um ser qualquer, seja ele humano, animal, vegetal ou mineral. Da forma como fui pensado, encaixa-se, perfeitamente, na forma como o outro também o foi. Cada supressão forçada, causa-nos uma profunda e grande tragédia não percebida por nossos olhares e sentimentos superficiais, mas impressa indelevelmente em nossa condição universal.
E que condição universal é essa? A condição de Deus. Pois, a condição de Sua existência é a nossa própria existência. Sempre penso que não há humanidade sem Deus. Não há Deus sem a nossa humanidade. Deus é eterno, porém, dependente da nossa humanidade. Aliás, Deus se alimenta da nossa humanidade, da mesma forma como Ele se alimenta de tudo o que pensou, imaginou, concebeu. O que seria de um artista se não fosse a sua obra. Não se conhece o artista senão através de sua obra. Em que lugar estaria Deus, senão nos lugares que todos nós somos. Nós somos o lugar onde Deus está! Nós somos a pedra em que Deus faz jorrar a água, nós somos o mar em que Deus abre caminhos, nós somos o Lázaro que Deus ressuscita diariamente, nós somos o topo da montanha em que Deus nos ensina, nós somos Maria em que Deus se faz gente.
Cada ato diferente e que nos afasta da alegria, da saúde, do bem-estar, da dignidade de ser para o qual fomos imaginados, é a supressão forçada do alimento de Deus. E, se matarmos Deus, quem nos humanizará?
Texto extraído de meu blog: www.istoemuitobom.blogspot.com