ESTÁ NERVOSO?

“Domingo é dia de pescaria,

E lá vou eu de caniço e

samburá...”

Não sou exímio pescador. Aliás, nem sei se posso me definir como

tal. Tenho todo material necessário, até certo ponto de nível bem

aceitável, acima da média, mas, falta-me a técnica, a habilidade, até

mesmo o reflexo, que são exigências “sine qua non”, para se definir o

verdadeiro pescador. Todavia, me divirto!

Também, há outras restrições, de minha parte, que envolvem a

prática dessa modalidade esportiva. Sou arredio em entrar num

barco. Fui ao Mato Grosso do Sul por três vezes. Somente um dia,

muito contrariado, subi no barco para a pescaria. Tentei, porém, não

deu. Prefiro a segurança do barranco, onde a possibilidade de peixes

maiores é mínima, ao risco da embarcação.

Uma passagem muito engraçada aconteceu na primeira ida a Coxim.

O grupo era de amigos da Sociedade Italiana de Santo André. Com

Cesar Lucchesi, Raul Bacchi, ambos falecidos, e tantos outros amigos.

Ficamos no local conhecido como Cachoeira das Palmeiras. Muito

bonito, aliás, na beira do rio Taquari, numa pousada simples, todavia,

agradável. Logo abaixo da cachoeira, formando uma piscina, o rio era

perfeitamente transponível, com água à altura da minha cintura.

Alguns já tinham feito a travessia, e contado da existência de uma

lagoa, rasa, onde se via enormes peixes. Fui, juntamente com outros,

enfrentar o obstáculo. Porém, cometi uma bobagem. Sem nada

calçando os pés, não aguentei. Não cheguei nem na metade do

percurso. Como nadador, sou uma lástima. Voltei nadando como

cachorrinho. O Luiz Oliva, logo gritou:

- Capivara! Daí em diante, até hoje, ele só me chama de “Capi”.

Frequento os chamados pesque-pagues, os pesqueiros, onde me

divirto. Costumo dizer, até, que nas minhas pescarias, o que menos

me importa são os peixes. O prazer de estar num local, geralmente

pitoresco, longe da agitação diária, em contato direto com a

natureza, já preenche todas as minhas expectativas de uns

momentos gostosos. O peixe é apenas um complemento.

Dia desses, um pequeno acidente aconteceu, um pouco (ou muito!),

pela minha falta de habilidade. Ao preparar uma vara, fui apertar um

nó onde havia amarrado o anzol. Sem o devido cuidado, ao forçar o

aperto, o anzol penetrou no meu indicador da mão esquerda, até de

modo profundo. Bem doloroso! O pior, era que a farpa não o deixava

sair, livremente. Para abreviar, após duras tentativas, com uma

pessoa jogando álcool no local, e com a ajuda de um alicate,

consegui a remoção do intruso. Com muita dor! Resultou que perdi a

sensibilidade do dedo, pois o nervo foi atingido. Só agora, após tomar

vitamina B12 receitada pelo amigo Dr. Irineu, a coisa está voltando

ao normal, quase um mês depois do acidente. Restou uma lição. Deu

para aquilatar o sofrimento que o pobre peixe passa, quando é

fisgado. Diante disso, jamais voltarei a pescar, sem tirar a farpa

existente no anzol. Espero que os peixes reconheçam a atitude deste

pescador benevolente, e prestigiem minha isca...

Brevemente, estarei com um grupo de amigos num recanto

maravilhoso. Lá terei a oportunidade de praticar, um pouco mais,

esse passatempo tão agradável.

“Maré tá cheia, fico na areia”

Porque na areia tem mais peixe

que no mar...”

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 12/09/2012
Reeditado em 12/09/2012
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