Investimento e Eleição
Um pouco diferente do que se ouve no dia a dia, até mesmo de investidores e economistas, considero que investimento se traduz em renda, lucro, várias vezes em prejuízo. Não se retira o dinheiro investido para trás depois de certo tempo, a não ser quando se desfaz do investimento para aplicá-lo em outra atividade. Exemplo vender a fazenda e comprar imóvel urbano, um costume da nossa região. A atividade investida pode ser tão rendosa que os lucros ao final de tantos anos se acumulam em valores que superam o investido inicialmente. Só isso.
Assim como na economia, em outras áreas da vida pode-se pensar da mesma forma. Estou lembrando o investimento nas relações afetivas. Se tudo correr bem, a renda, o lucro auferido será o bem viver, as delícias do vínculo amoroso, os filhos da relação. Caso contrário o prejuízo a contabilizar poderá ser a ressaca, depressão, os dissabores de conviver com a figura do ex, uma pensão eternamente revisionada. Nestes casos, a solução, do mesmo modo que na economia, será reorientar o investimento e desta vez avaliar bem antes de se aventurar em novo amor, lembrando que o investimento afetivo tal qual o econômico está sujeito às incertezas, mas diferente dele numa dimensão muito mais intensa e imponderável, por se tratar de razões do coração e não de mercado!
Outra diferença essencial, o ativo do investimento econômico é tangível, a moeda, enquanto o do afetivo é intangível, a emoção!
Agora explico a razão desta cantilena. Ao acompanhar a corrida eleitoral deparo com algumas pessoas, uns nem candidatos o são, dizendo estar investindo nas eleições, um chegou a citar que investe em 16 cidades com a esperança de ganhar em 10.
Aí fico a matutar se na dimensão da vida pública pode-se pensar em investimento?
Economicamente não, pois do cargo púbico, constitucionalmente, está vedado auferir lucros particulares.
Na perspectiva afetiva é possível. O cidadão gosta tanto de seu município, do seu estado, do seu país que resolve investir nele e se elege administrador, legislador, mandatário de seu local.
Mas, a dúvida é que a moeda do investimento afetivo é a emoção e nas eleições se utiliza do dinheiro. Um destes que insinuei atrás penhorou uma fazenda, não para se eleger, mas para eleger o companheiro partidário. É muito amor!
Então, no caso de eleições não se pode falar em investimento, no máximo doação. Para doar é preciso ter, não se pode por em risco o equilíbrio patrimonial, familiar, social se endividando para doar nem mesmo para eleger o candidato do bem para a sociedade.
Concluo, para meu espanto, que estas pessoas estão investindo na perspectiva econômica, caso o investimento vingue, bater a eleição, auferir renda e lucro da coisa pública!
João dos Santos Leite
Psicólogo – CRP 04-2674