BEIRANDO O RIDÍCULO

BEIRANDO O RIDÍCULO

Desconfio que estamos vivendo a "Era da Bestice".

A da canalhice, da hipocrisia, da ladroagem desenfreada, já vivenciamos desde Cabral (o descobridor, porque, se não, vão surgir logo interpretações dúbias).

Com tanta coisa, realmente vital para encarar no cenário mundial; a fome quantitativa e de qualidade, as doenças endêmicas, a água potável, a coleta e tratamento do esgoto e do lixo, a educação que tira o homem da ignorância e capacita-o a melhor exercer sua condição de ser humano e cidadão, a transparência real das atividades públicas, o triste estado da segurança pública, enfim, o cuidado com tudo que se relaciona à vida do homem e à preservação deste cada vez mais sujo planetinha, que se já era um grão de poeira, na vastidão do Universo, passará a ser um pingo de lama. Com tanta coisa importante a tratar, repito, e um bando de lunáticos se apraz em "preocupar-se" com coisas tão ínfimas (e, por vezes, inteiramente descabidas) que só se explicam pela vaidade de "aparecer", de ter os seus 10 minutos de fama, como dizem a que todos nós teríamos direito.

A bola da vez é o preconceito racial (assunto que tenho ojeriza em abordar), acompanhado de perto por outros de menor monta, como os crônicos "sujeira política", "futebol e Copa do Mundo", "favelas" ou, para não ferir suscetibilidades, "comunidades" e outras tantas.

No Brasil, nota-se a tendência de substantivar superlativamente quase tudo; é o Engenhão, o Minhocão, o Cebolão, o Piscinão, o Mergulhão, o Ligeirão (BRT), talvez por um vício de ufania nacionalista, até certo ponto compreensível e louvável, mas que acaba se banalizando por excesso de uso.

Sob a discutível capa de um tratamento mais "humanista" , criaram-se novas expressões que, por exemplo, identificam as favelas como comunidades; os cegos, de deficientes visuais; os surdos de deficientes auditivos; os mudos de deficiente orais, e por aí vai, como se qualquer tipo de infortúnio desses fosse uma indignidade ou um estigma.

O pior é que, após as novas designações, já se passa a encarar a tradicional como injúria, como desapreço, como horrível preconceito, palavra esta que assumiu enormes proporções e já foi responsável por dezenas de ações judiciais, discussões e, até, mortes.

É o caso do preconceito racial!

Embora conste em toda a literatura que as raças existentes no mundo são a amarela, a vermelha, a negra e a branca, representadas, inclusive, pelos círculos entrelaçados do símbolo olímpico, atravessamos, hoje, uma fase de extrema delicadeza. Elegido à condição de crime, a simples menção à cor negra provoca violenta reação, mesmo sabendo-se que a cor está somente no pigmento da pele e que sob a qual, a da carne, é absolutamente igual a de todos os demais. É uma só – vermelha.

O exagero é tamanho que não vai demorar para termos que pedir um par de sapatos, um casaco, uma gravata, um óculo, um lápis, usando o adjetivo escuro ou mulato, ao invés do tradicional preto.

Quem acha que é exagero meu, então tome conhecimento do maior absurdo que tive o desprazer de conhecer; uma terrível demonstração, isso sim, de desenfreado preconceito, algo que beira o ridículo, melhor dizendo – está muito abaixo dele!

Não é que o insigne(e para mim desconhecido) Antonio Gomes da Costa Neto, juntamente com o advogado Humberto Adami, entenderam assinar um mandado de segurança pretendendo BANIR do currículo colegial, nada mais, nada menos – acreditem – a literatura de MONTEIRO LOBATO!!!

Alegação(?) - No livro "As Caçadas de Pedrinho" teria o autor exclamado que "a tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão...", classificando o livro como "capaz de reintroduzir o racismo nas escolas".

O processo está sob apreciação do STF (pasmem) como se a última instância do judiciário não tivesse problemas muito mais importantes a resolver, a não ser perder tempo com babozeiras.

Eu li o livro, pelo menos dez vezes e, honestamente, não me lembrava disso. Milhares de jovens e idosos fizeram o mesmo e tenho absoluta certeza que pensam da mesma forma.

Ademais, reintroduzir o racismo nas escolas, pressupõe que, em algum tempo ele tenha acabado. Quando ocorreu o primeiro e quando começou o segundo? Um bombom para quem acertar a questão!

O que ficou para uma enorme legião de leitores foi a beleza do todo, a criação de um cenário idílico, a tradução do que todos aspiravam, a paz, a vida saudável, a cumplicidade com a natureza.

Poderia estender-me muito mais sobre o assunto, mas, com isso, perderia o impacto do último parágrafo.

Fico, pois, por aqui. A revolta já está presente em todas as áreas e o próprio MEC já deixou clara sua posição; NADA VAI MUDAR, O NOSSO AMADO MONTEIRO LOBATO VAI CONTINUAR LEVANDO DIVERSÃO E CULTURA AOS JOVENS E IDOSOS MEMBROS DA NOSSA SOCIEDADE.

Vale, porém, o poder das pesadas penas do nosso Recanto; o clamor deve ser total e pujante, pois do contrário esse tipo de bestice vai ter continuidade e vai acontecer, de novo, uma "caça às bruxas".

 

(não deixe de ler a colega Maria Giustina)

 

 

paulo rego
Enviado por paulo rego em 12/09/2012
Código do texto: T3878430
Classificação de conteúdo: seguro