A Política dos Polvos
A Política dos Polvos
A política deveria ser praticada como uma multiplicação de esforços na busca do bem comum. Ser entendida como a soma de energias em prol do povo, aqueles que depositaram nos candidatos seus ideais de progresso e desenvolvimento. No entanto, vê-se unicamente a divisão, a quebra de alianças, a desunião, o egoísmo e o individualismo.
Partidos e candidatos subtraindo-se e traindo a essência da verdadeira política.
Todos falam em trabalho, desenvolvimento. Mas trabalho por quem? Desenvolvimento pra quem?
Toda eleição é a mesmice de sempre: Promessas, promessas e nada de compromissos. Afinal, prometer é mais fácil que comprometer-se. O compromisso é algo raro, verdadeiro, tudo o que pouco se vê na política atual.
Políticos nas eleições se comparam ao polvo quando deseja se alimentar. Este molusco brilha e faz sucessivos movimentos para que o peixe lhe dê atenção; faz verdadeiro show pirotécnico de luzes e cores, deixando o pobre peixinho hipnotizado... Então, dá o bote fatal na sua presa, e já alimentado, volta em seguida, ao seu estado marrom de polvo.
Da mesma forma acontece na política. Nas eleições os políticos se mostram coloridos, encantadores. Beijam, abraçam, caminham juntos. E passada as eleições (quando já eleitos ou não) trancam-se em seus gabinetes, esquecendo-se do mundo aqui fora. Tornam-se inacessíveis, intocáveis, voltam a usar a cor marrom de polvo.
Quatro anos depois, quando bate a fome de poder, voltam novamente a brilhar para a sua presa (o eleitor) conquistar.
Luta injusta a do peixe com o polvo? Mas é a lei da sobrevivência no rei animal... Injusta é a luta do povo com o político. Mas cada sociedade tem o polvo que merece, dizem.
A sociedade tem, a cada quatro anos, a oportunidade de fazer mudanças. Quem sabe nesta eleição nasça uma nova consciência: a de cortar os tentáculos de velhos polvos que ainda nos aprisionam. Quem sabe escolhamos um João-de-Barro! Afinal, precisamos viver novas experiências e ultrapassar a era dos grandes polvos.
Chega da política dos polvos! Cada um que junte um graveto e ajude a construir a sociedade justa e igualitária que todos merecemos! Estamos fartos dos tentáculos que nos sugam! É chegada a hora da POLÍTICA DO POVO!
Anne Veloso Monteiro. Escritora Paraense. Membro da Academia Paraense Literária Interiorana – APLI. Acadêmico em Direito pela Universidade da Amazônia.