VER UM ESPÍRITO...

Volto de Cabo Frio, com vinte anos, meca das farras de carnaval da famosa juventude dourada.

Retorno já cansado das festas antecedentes do carnaval e do próprio carnaval que se desenrolava. Segunda de carnaval. Chamo um amigo lamentavelmente falecido faz dois anos, novo ainda, sessenta e quatro anos, e muito engraçado, um grande amigo de folguedos,

Resolvi isso dentro de um baile, duas da manhã; "vamos embora Antonio Luiz, estou com o saco cheio, vou para casa, se quiser pega o bonde". Vou também, respondeu prontamente.

Peguei meu carro, Antonio Luiz deitou no banco de trás e aproveitou a mordomia, dormiu profundamente. Só duas pessoas dirigem meus carros, um cunhado, fera no volante, e outro amigo. Dirigir não é conduzir, é sair das frias que se apresentam, tenho muitas para contar...

Duas da manhã, péssimas as estradas naquela época, piores que as de hoje em muito. Mal iluminadas, quase um "lá vai um...", mão e contramão.

Cansado, embora nunca tenha me colocado em risco, no caso o de dormir no volante, nessa situação fico mais alerta. Escuro, silêncio, rodovia deserta.

De repente fico todo arrepiado, sem saber a razão, começa pela nuca e toma todo o corpo. Sinto que tenho que olhar para o lado, o banco do passageiro que estava vazio, Antonio Luiz dormia tranquilamente.

Quando olho vejo uma cabeça olhando firme em direção para a estrada. Somente a cabeça apoiada pela mão sob o queixo. Só a a cabeça e a mão visíveis, iluminadas. Era essa a visão...Cabelo com a antiga brilhantina, penteado para trás. Fazia lembrar um de meus tios maternos já mortos, muita semelhança. Retorno o olhar para a estrada e quando volto a olhar a visão desapareceu.

Acordo Antonio Luiz, mando que pule para a frente no banco vazio onde a visão surgiu. Conto o fato. Ele muito engraçado diz "Porra esses caras nem pedem carona...".

Até hoje tento explicar.....em vão.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 12/09/2012
Reeditado em 12/09/2012
Código do texto: T3878174
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