Modelo infame
A mídia quase não fala dos cartéis. Nós também quase não falamos. Como se também tivéssemos um acordo. Um pacto tácito. Um faz de conta que tudo anda bem e assim, nos sujeitamos a pagar caríssimo por produtos e serviços para que o governo nos taxe absurdamente e os executivos, também reféns do status que os cargos lhes proporciona, sejam os caninos através dos quais nosso sangue segue para satisfazer a sede vampiresca dos seus chefes acionistas e empresários. E haja propaganda dos carros mais caros do mundo como se fossem razoáveis ao serem fracionados em prestações quase eternas. Servimos de chacota para os americanos e certamente de bestas úteis para os fabricantes. É como se o Brasil fosse um laboratório ” menghelesco” para testar até a onde vai a exploração de manadas dóceis sem que ninguém, cuja voz repercuta com algum efeito real sobre eventual mudança de costumes, dê o ar da graça. Ficou comprovado que o sucesso do capitalismo sobre o comunismo deveu-se as ambições individuais, porém ideologias à parte, não poderíamos ser uma corda que jamais quebrará. Não é o sucesso dos telefones celulares que torna legítima a combinação disfarçada dos preços das tarifas pelas operadoras. Não deveria ser a nossa eventual necessidade de abastecer os veículos que legitimaria o acerto de preços entre os postos de combustíveis. Não poderia ser a nossa inconsciência cidadã que agüentaria indefinidamente os abusos dos bancos e suas taxas. Temos exemplos de sucesso do mercado em outros produtos e de países capitalistas que não sangram suas massas para serem grandiosos, por esses exemplos reforço que o que estou dizendo não é uma questão de ideologia, mas uma questão de disciplina em relação ao que é legitimo pagar.