O dia em que o velhinho se esbaldou
Estávamos num restaurante que exibia grande variedade de pratos no bufê. Além da parte fria com vistosas saladas verdes, carpaccio com molho especial, inúmeras maioneses, berinjela em tirinhas, champignons ao alho e outras iguarias, era difícil escolher a comida quente. Leitoa assada com batatas, arroz ao brócolis, camarão na moranga, suflê de legumes, rondelli a quatro queijos, salmão grelhado, creme de milho, supremo de frango, etc, havia também uma travessa com delicados pasteis de tamanho médio que a todo instante era recomposta pela moça que chegava da cozinha com outros tantos ainda fumegantes. Enquanto eu degustava meu prato feito com certa parcimônia, não sei por que passei a observar um vovozinho que foi se servir. Era um senhor bem magrinho que pelos meus cálculos devia andar lá pelos oitenta anos. Em vez de olhar para cada travessa, como todo mundo costuma fazer e colocar um pouco disso ou daquilo no prato, ele foi direto aos pasteis. Pegou o primeiro, o segundo, o terceiro e não parava mais... Impressionada, comecei a contar. O velhinho só parou no nono pastel, mesmo porque ali não cabia mais. Imaginei, então, que ele fosse levar aquela montanha para que toda sua família, inclusive alguns netinhos, se deliciasse. Em vez disso, ele deu meia volta, pegou a concha do feijão e com certo cuidado regou os pasteis. Passou pela balança e se dirigiu a uma mesa vazia bem perto de onde eu me encontrava. Acomodou-se, empunhou o garfo e a faca e ali solitário almoçou sossegadamente.
Confesso que fiquei intrigada. Das duas, uma: ou o velhinho tinha saúde de ferro e não precisava se preocupar com excesso de frituras, ou quem sabe cansado da comida trivial e meio insossa que lhe servem todos os dias, ele deu uma fugida de casa para se esbaldar, longe do olhar crítico da mulher e dos filhos. E para não dizer que só comeu pasteis, tinha lá o feijãozinho...
Estávamos num restaurante que exibia grande variedade de pratos no bufê. Além da parte fria com vistosas saladas verdes, carpaccio com molho especial, inúmeras maioneses, berinjela em tirinhas, champignons ao alho e outras iguarias, era difícil escolher a comida quente. Leitoa assada com batatas, arroz ao brócolis, camarão na moranga, suflê de legumes, rondelli a quatro queijos, salmão grelhado, creme de milho, supremo de frango, etc, havia também uma travessa com delicados pasteis de tamanho médio que a todo instante era recomposta pela moça que chegava da cozinha com outros tantos ainda fumegantes. Enquanto eu degustava meu prato feito com certa parcimônia, não sei por que passei a observar um vovozinho que foi se servir. Era um senhor bem magrinho que pelos meus cálculos devia andar lá pelos oitenta anos. Em vez de olhar para cada travessa, como todo mundo costuma fazer e colocar um pouco disso ou daquilo no prato, ele foi direto aos pasteis. Pegou o primeiro, o segundo, o terceiro e não parava mais... Impressionada, comecei a contar. O velhinho só parou no nono pastel, mesmo porque ali não cabia mais. Imaginei, então, que ele fosse levar aquela montanha para que toda sua família, inclusive alguns netinhos, se deliciasse. Em vez disso, ele deu meia volta, pegou a concha do feijão e com certo cuidado regou os pasteis. Passou pela balança e se dirigiu a uma mesa vazia bem perto de onde eu me encontrava. Acomodou-se, empunhou o garfo e a faca e ali solitário almoçou sossegadamente.
Confesso que fiquei intrigada. Das duas, uma: ou o velhinho tinha saúde de ferro e não precisava se preocupar com excesso de frituras, ou quem sabe cansado da comida trivial e meio insossa que lhe servem todos os dias, ele deu uma fugida de casa para se esbaldar, longe do olhar crítico da mulher e dos filhos. E para não dizer que só comeu pasteis, tinha lá o feijãozinho...