Ah, é na Internet!
Quando digo que escrevo, é natural que me perguntem quantos livros já publiquei. E quando eu digo “sete”, ao completar com “E-livros gratuitos na Internet”, é comum ver uma expressão de surpresa dar lugar a um risinho e comentário: "Ah, é na Internet!". Como se trabalhos publicados na rede de forma independente não merecessem crédito porque não têm algum selo do mercado editorial. É compreensível, mas não deixa de ser tolo, uma vez que a liberdade que a rede nos dá e o controle sobre as próprias publicações é como nunca visto antes. Para os que têm e os que não têm interesse em comercializar suas obras, a Internet é ferramenta essencial e as famigeradas redes sociais idem, mas é preciso saber usá-las.
Desde 2008 passei a publicar minhas ‘letripulias’ em Blogs e até agora não achei lugar melhor, ainda mais em se tratando de literatura e arte, pois como sabemos, arte e livros não são parte da cesta básica da maioria dos mortais, o que é uma pena, pois a alma precisa das artes tanto quanto o corpo precisa de pão.
Parece que existe um preconceito muito grande (até mesmo uma certa campanha) contra Blogs e E-books, como se esse tipo de trabalho já nascesse torto, um filho bastardo sem linhagem editorial. É notório que muita gente põe na rede o que a privada rejeita, mas há coisas de qualidade muito boa, necessário é filtrar.
Por outro lado, desconfio sempre daqueles que, como o personagem de Borges em El Etnografo: “no descreía de los libros ni di quienes escriben los libros”. Que não se deve julgar um livro pela capa, ou seja, não confundir conteúdo com forma de apresentação, disso todo mundo já sabe.
Pra dizer a verdade, para esses tipos de comentários pouco ligo, a menos que venham de inesperado front, um front amigo ou julgado tal. Ainda nesses casos eu paro, penso e respiro, mas não sem me ofender, então jogo pro vento e sigo escrevendo, e o que eu achar que vale a pena publico, na rede, livre e sem complicações.
Texto originalmente publicado no Bluemaedel (bluemaedel.blogspot.com)