A MORTE DA VONTADE..

Caminhamos todos, nas ruas, desconhecidos, rostos na multidão.

Amparados alguns, apanhados na limitação da idade, acompanhados, claudicantes, trôpegos, vacilantes, outros apanhados pelo destino, lesões maiores, estampadas, sofrem seus entes queridos, sofre junto quem sofre a dor da humanidade.

Neles não há consciência, não sofrem, em princípio. E fica claro que ignoram a vida.

Outros, muitos, encerrados em quatro paredes, acossados pela depressão que não avisa quando chega, as vezes muito cedo, com várias origens, simplesmente chega.

Restritos pelas emoções, barrados pela vida, seguem amputados de vontade, não tiveram forças para enfrentar a vida. Amparados na química, no álcool, restam sequelados na vontade, atrofiada pela marca do destino que ninguém quer. Precisam ser compreendidos.

Muitos não têm paciência, compreensão. Morrem a cada dia sem nada lhes proporcionar, não podem, mesmo querendo, a depressão vence sempre. Uma breve fuga encontrada em algum paliativo empurra a existência. A patologia é forte.

O grande incômodo para a visão, desconforto para o entendimento, não são os depressivos, sempre com mais idade, presos em suas casas, mesmo que precocemente, vítimas da fraqueza emocional, portas e janelas cerradas, sem banho, cuidados pessoais, vontade enfim, o grande choque são as crianças vitimadas por lesões cerebrais, abortadas junto com seus pais das alegrias da infância.

Invade e assalta nosso interior o sofrimento pelo qual passam pais e parentes dessa infância, gritante desrazão para nossa razão, nossa percepção pune o destino que fica impune. Muitos casos vítimas de erro médico, ontem conversei com a mãe de uma dessas vítimas que se abriga na justiça.

Mas desse destino duro, implacável, nada se compreende....

Passos lentos, a inteligência nada entende e muito menos compreende...ver a infância, a maior alegria do mundo, subtraída de suas alegrias.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 11/09/2012
Reeditado em 11/09/2012
Código do texto: T3876600
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