CRÔNICA – Falsas celebridades!

 

CRÔNICA – Falsas celebridades! – 07.09.2012

          Confesso que na minha insignificância de cronista amador (situação que venho mantendo pela minha teimosia aqui no Recanto das Letras, pois os leitores não dão muito valor a esse gênero de escrita), o vocábulo “celebridade” em seu significado também embutia o sinônimo de pessoa boa, de bela formação, de notória educação, de cumpridora de seus deveres, enfim que fosse assim como um verdadeiro exemplo de vida, servindo até mesmo de espelho para os seus admiradores.

          
          Ao que parece pelo que vejo no dia a dia, estou redondamente equivocado com essa minha suposição, até mesmo porque em nosso país, por exemplo, qualquer pessoa que faça algo diferente, com certa perfeição (até mesmo um ator de novelas, um atleta de futebol, um ladrão esmerado do dinheiro do povo e coisas tais) se torna, num abrir e fechar de olhos, numa celebridade nacional, além do mais se a mídia poderosa der a sua cobertura desinteressada (?). Quem tiver dinheiro, na verdade, querendo, pode se transformar em “celebridade” da noite pro dia.
 

          Tenho tido verdadeiras decepções com a minha pouca inteligência no particular, porquanto os casos estão aí em abundância a me provar que esse negócio de celebridade é mais uma metáfora do que uma qualidade intrínseca das pessoas; seria assim como um apelido. Costuma-se chamar de “raposa” a uma pessoa astuta ou mesmo tida mais “sabida” do que outras: “O técnico do clube X é uma verdadeira raposa, e soube dar um nó tático no seu adversário, não o deixando jogar”, essa é uma expressão vulgar na gíria esportiva, que é muito usada por comentaristas e torcedores.
 

          No conceito de celebridade eu julgava que a mantença de um casamento por longa data, mesmo se atravessando as vicissitudes da vida, desse ao casal esse apelido de     “celebridade”, notadamente quando os envolvidos formam opinião pública na rede de seus admiradores. Hoje em dia as novelas têm sido um marco na vida das pessoas e mudado até mesmo o modo de agir delas, muitas vezes dependendo do que os seus atores favoritos procedem no desempenho de um papel numa dessas tramas que colocam nas nossas casas durante o horário nobre da televisão. São enredos que vão desde a desobediência de uma criancinha a seus pais a cenas de sexo praticamente explícitos, ou até mesmo triângulos amorosos e formação de casais de um mesmo sexo; enredos de roubo e de outros crimes nem é bom falar, pois abundam diariamente.
 

          De vez em quando vemos com certa decepção anúncios de que o casamento de pessoas tidas como célebres acabou, isso depois de mais de uma dezena de anos vivendo em comum, não só no meio artístico, mas no social como um todo. Agora mesmo tive um grande desprazer ao ver e ouvir uma notícia sobre o ex-grande atleta de voleibol da seleção brasileira, o Tande, que após dezesseis anos se separou da sua esposa Lisandra, grande artista da Rede Globo, no setor de teledramaturgia, ela que abandonara a profissão por exigência dele, a fim de dedicar-se inteiramente à família. A iniciativa fora dela, segundo falara, eis que o seu marido teria um relacionamento de mais de dois anos com uma apresentadora de programa televisivo, cujo nome não veio à tona.
 

          Tal notícia retirou de mim a verdadeira imagem que mantinha desse que fora um expressivo jogador de vôlei, que nos deu muita alegria defendendo a nossa seleção em quadras do mundo todo. A decepção foi tão grande que praticamente não mais me tocam o coração essas apresentações primorosas com que nos brindara no desempenho de sua profissão. Quer dizer, resumindo, eu o tinha como uma celebridade, mas agora esse termo foi sepultado pro resto da vida, já que como apresentador de programa esportivo aos domingos pela manhã na emissora Globo se iguala a tantos e tantos outros espalhados pelo Brasil, fica na vala comum, na mediocridade...
 

          A rigor eu sou contra as separações, em princípio, salvo se não houver a mínima condição de se salvar um casamento, uma vida em comum ou qualquer nome que se queira dar. Não é sem razão que os Juízes antigamente perguntavam antes de conceder desquites, separações e divórcios, antes de tudo: “Não há como se fazer a reconciliação”? E só concedia o pedido se a resposta fosse negativa. Mas os processos no particular cresceram tanto que a única providência para desobstruir a Justiça de tantas lides foi autorizar a que os cartórios pudessem fazer a dissolução da sociedade conjugal diretamente, sem muita burocracia. É que também os casamentos de hoje em dia não duram mais que dois anos, salvo em casos excepcionais, o negócio virou brincadeira.

          Quando vejo, por exemplo, a troca que fora feita na apresentação do Jornal da Globo, em que a linda e competente Patrícia Poeta ficou no lugar da não menos formosa e exímia Fátima Bernardes, começo logo a matutar comigo mesmo, a me fazer perguntas e sem encontrar uma resposta, tal como: Será que ela se separou do Bonner, que ao mesmo tempo era seu chefe, com quem formava um dos casais mais lindos do país? Sabe, sendo verdade eu confesso que não poderei acreditar. Apenas reforçará aquela máxima que diz “Ninguém é de ninguém”.


  Fátima e Bonner, excepcionais apresentadores da TV Globo

         
 Quando ouço falar e propagar que as meninas que formam o famoso BBB – Big Brother Brasil, que está para apresentar mais uma edição são celebridades resolvo retornar a minha insignificância e dar o assunto como encerrado. O fato de ser separado concede mais status do que o de casado, isso pelo andar da carruagem.
 

          Mas é bom dizer que nada tenho contra separações, nem contra a escolha sexual de quem quer que seja.

11/09/2012 13:01 - Lenapena assim comentou:
Infelizmente o mundo moderno tem banalizado determinados comportamentos. E pondo em destaque outros, que não deveriam merecer tal expressão. Sua crônica bate em um ponto pra lá de atual. Triste toda essa realidade que a mídia promove expondo num banquete e servindo a população em bandejas de prata. Ótima crônica. Um abraço a vc, Ansilgus.
Para o texto: CRÔNICA - Falsas celebridades! - 07.09.2012 (T3876378)

 
Comentários anexados ao texto:
 
13/09/2012 11:24 - Od Laremse M Peterson.
Caríssimo Antônio! Uma verdadeira obra prima em matéria de Crônica. És um excelente cronista e ninguém pode negar. Teceste com clareza e maestria os torcidos e distorcidos flashes sobre os falsos "célebres" que a mídia tanto insiste em promover e celebrizar. Os ingredientes globais que infelizmente borram e emboloram a mente do cidadão comum e teleguiados são uma verdadeira aula de corrupção e inutilização da moral e do bom costume. São inúmeras investidas tanto direta como subliminarmente a todo instante. O triângulo sócio-cultural que estupram as mentes dos nossos compatriotas é gritante: Infidelidade conjugal, relacionamento aberto, homo-afeição a celebrização à vilania é grotesca e gritante. Imprimiram essa ideia de que uma trama pra ser boa e bem sucedida teria que ter esses ingredientes, tendo sempre algum vilão impune no final desses folhetins. Falando na Fátima, ela pode até ser uma ótima apresentadora de programas ao vivo. Não posso negar, mas como apresentadora ela é uma ótima repórter. E, diante da enorme credibilidade que nacionalmente tem, fica mais fácil para aquela rede de televisão impor e contaminar as massas, dessa feita com o público infanto-juvenil que perdeu o seu horário nobre para um programa essencialmente de adultos. Só posso duvidar das "boas intenções e colocar minha barba de molho e fazer coro com os mais antigos: “Nesse angu tem caroço”!" Parabéns! Deus te abençoe!
Para o texto: CRÔNICA - Falsas celebridades! - 07.09.2012 (T3876378)
 
13/09/2012 09:44 - Lucimar Alves:
Sabe penso que certas redes de TV são extremamente contra a família, porque o que se vê em novela é um troca troca de casais sem fim. Onde quem começa casado não termina casado tem que trocar de esposa ou de marido. Estão indo na contra mão dos ensinamento de Deus. Para eles família é um mero negocio como outro qualquer, aliás, um contrato com prazo de validade. E como tem muita gente que só segue o que ensinam na TV acham que assim que é certo. E por outro lado para ser celebridade basta ter uma bunda grande o que é triste, pois temos sendo conhecidos como o país da bunda e a mídia tem ajudado e muito nisto. Temos os exemplos das mulheres frutas o que acho de u ma vulgaridade tamanha. Como até bandido pode ser celebridade também temos o exemplo do Leonardo Pareja que até filme virou. Vou te contar uma coisa que penso que não sabe quando ele morreu assassinado na prisão teve pessoas que queria colocar a bandeira do país sobre o caixão dele como se ele fosse um herói nacional. Dá pra acreditar nisto.
Para o texto: CRÔNICA - Falsas celebridades! - 07.09.2012 (T3876378)