Escolhas
Fui educada com a presença
de preceitos religiosos católicos
e até a juventude seus valores foram fortes formadores
da minha ideia de mundo e de vida.
Os anos me trouxeram novas experiências religiosas
e hoje sou crente num Deus de coisas impossíveis
e que por isso abriga quase todas as possibilidades
de expressão da religiosidade.
Historicamente a religião sempre dividiu os povos
gerando guerras que só podem ser chamadas de santas
se considerarmos que foram abençoadas
pela Santa Ignorância.
Mas para um observador mais atento
não há surpresa na constatação
de que as crenças religiosas tem mais em comum
do que dissonante.
Todas acreditam em uma certa forma de Amor redentor
e todas creem na existência
de alguma superioridade espiritual
e quase todas pregam que a vida, como a conhecemos,
é uma oportunidade de aprendizado,
evolução, salvação, retorno para o criador.
A nomenclatura é vasta
para dizer de como deve ser o comportamento humano
na opção por uma vida que aceita a espiritualidade,
que traduzida para ação diária
é optar por fazer mitigar a maldade
e enaltecer o bem.
Mas parece que a Torre de Babel,
a exacerbada elasticidade de interpretação
e todas as segundas intenções mundanas
que possam ser mascaradas pela fé
continuam nos separando.
Acredito que Deus considera isso
uma espécie de pecado.
Apesar de não ser uma praticante formal
de nenhuma religião,
sou uma pessoa de fé, de uma fé “pan”,
ainda fã das ideias do Cristo,
hoje agregadas de muitos outros pensamentos
a respeito de qual lente escolher
para ver tudo e todos, dentro, fora e através.
Assim muitas vezes escolho por ver as coisas
com um pouco mais de credulidade e leveza,
como fazia na infância
ao admirar as imagens sacras na igreja
e pensava que somente sendo santo
para suportar ficar todo tempo na mesma posição
e então rezava para que Deus
desse-me um pouco daquela paciência.
Parcece que tem funcionado...