O monstro do médico
De cara com a folha branca
encontrei-me hoje
Eu estava ali por ser escrita
Meu cérebro está mais bagunçado que o meu quarto
E eu?
Sim, é claro, eu estou aqui
Por mais clichê que isso possa parecer
Que bola de neve!
Mas é verão
que disfeço trágico o seu, não?
Tens que parar de cuspir pra cima
que sina menina
Vai ser estranho
esses vácuos entre uma fala e outra
arremessando na nossa cara
essa decepção que se leva em conta
Não posso esperar que uma galinha saia voando
Existem poemas, textos, prosas, poesias frias
de pensamentos normais
de pessoas normais
pois melancolia nesse mundo é normal
a gente só escolhe se faz bem ou mal
Encontrei-me hoje escrita
sem vida, pé nem cabeça
Vá se lembrando e deixe que eu esqueça
É demais parecer um estranho no espelho?