A eficiência do Office Boy...

A comunicação sempre foi algo poderoso e sua falha pode acarretar em sérios transtornos a vida.

Vou contar uma história verdadeira de Joelson.

Joelson era Office Boy, experiente, com prática, conhecia quase todos os agentes de cartório, caixas de banco, ascensoristas, auxiliares de serviços gerais dos corredores do prédio da Justiça Federal, lanchonetes de pastéis chineses, e até mesmo juízes de vários gabinetes da cidade. Ele não precisava enfrentar fila pra nada, tinha um papo que levava qualquer um, se dava bem com todos, e nunca falhava em uma missão dada por seu chefe, saia pra rua e sempre resolvia suas pendências como deve fazer um bom Boy.

Certo dia, era uma sexta-feira, dia em que sempre ocorre a reunião dos Boy’s no Fleeper da Rua da Assembléia, Joelson recebeu uma tarefa de suma importância, primeiro pelo fato de ser sexta-feira e segundo pelo fato...

- Joelson, preciso que você me faça um favor!

Apesar de ser um funcionário padrão, seu chefe, aliás, bom chefe, educado e respeitador, solicitava sempre suas demandas com um generoso “por favor” antes de tudo que pedia.

- Pois não patrão, pode mandar que eu mato no peito e saio jogando...

Aquele jeito malandro de boy, do qual seu chefe já era acostumado, pois Joelson sempre fazia tudo certinho.

- Preciso que você vá até este endereço e pegue a assinatura deste documento importantíssimo com esta pessoa...

- É pra já chefia!

- Mas veja bem... Trata-se de um prazo fatal! O não cumprimento desta tarefa irá acarretar em graves prejuízos ao nosso escritório, e, por conseguinte à Companhia que estou advogando.

- Xá comigo patrão... Missão dada pro Joelson aqui, é missão cumprida!

- Melhor anotar tudo Joelson, isso é de fato muito importante!

- Chefia, quando foi que falhei em uma missão. Ta tranqüilo, conheço este endereço, e também as pessoas que trabalham lá... é moleza!

- Ok, mas o lugar fecha às 17 em ponto, não deixe de cumprir essa tarefa, haja o que houver.

- Pode confiar no Joelson aqui!

E seu patrão confiava mesmo nele.

O endereço ficava a 20 minutos de seu escritório, Joelson recebeu a tarefa 10 pras 16, saiu as 16:10 rumo ao endereço, uma paradinha no Fleeper para uma jogadinha de 10 minutos, onde entregou a ficha para um moleque antes mesmo de acabar com o jogo, caso contrário não daria tempo, e chegou no destino as 16:40. Joelson não havia anotado o nome do sujeito, pois se tratava de um nome fácil e comum, de fácil memorização.

No endereço...

Recepção:

- Boa tarde, estou procurando por Rodrigo Rodrigues, preciso pegar a assinatura neste documento de prazo fatal...

- De qual departamento?

- Jurídico!

Após ligação da recepcionista...

- Não existe nenhum Rodrigo Rodrigues Sr.

- Não pode ser, aqui não é o endereço...?

- Sim, mas já liguei pro departamento Jurídico e fui informada que lá não tem nenhum Rodrigo Rodrigues.

- Ah... Deve haver algum engano, ele poderia ser funcionário novo.

- Ok, te darei um crachá de visitante. Siga aquele corredor e pergunte diretamente no departamento Jurídico.

Chegando lá...

- Procuro por Rodrigo Rodrigues...

- Aqui não tem nenhum Rodrigo Rodrigues.

Joelson pergunta a todos que encontra nos corredores.

À copeira.

- Não, não sei de nenhum Rodrigo Rodrigues.

Faxineira.

- Rodrigo Rodrigues? Não!

Ao engraxate... isso mesmo, havia um engraxate no corredor do prédio.

- Nunca engraxou comigo!

Joelson saiu às pressas, conferiu o número do prédio, estava correto, não havia anotado o nome da pessoa, mas memorizado por ser nome fácil, entrou novamente no prédio, a hora estava passando. Ligou pro celular do seu chefe, fora de área... Caixa postal... Pro escritório, ninguém atendia, nem mesmo eu (eu era o auxiliar de escritório, por isso conheço a história), ligou pra outro boy, já no desespero...

- Não, não conheço nenhum Rodrigo Rodrigues...

Bateu o pânico, a hora estava passando. 16:55...16:56... Joelson pensou:

- Bom, a culpa não é minha. O patrão me mandou para um endereço que não existe Rodrigo Rodrigues... Lembrou que era prazo fatal...

Pensou em pedir para outra pessoa assinar no lugar de Rodrigo Rodrigues, mas desistiu, pensou em assinar ele mesmo o documento escrevendo Rodrigo Rodrigues, mas também desistiu, pensou em trazer para que eu assinasse como Rodrigo Rodrigues (eu, um simples auxiliar de escritório) e eu, claro, não aceitei. Joelson desesperado.

- E agora?! E agora?! O que eu faço com esse Rodrigo Rodrigues?

Resolveu falar com seu chefe, afinal a culpa de tê-lo mandado para um endereço que não existia Rodrigo Rodrigues não era dele.

De volta ao escritório...seu chefe

E então Joelson...

pegou a assinatura de

Fernando Fernandes???

Prof Cristiano Cruz
Enviado por Prof Cristiano Cruz em 10/09/2012
Código do texto: T3874962
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