Culpa do nojo
È preciso de estar atento para o espetáculo que se iniciou. Analisar o discurso da promessa e entender que a charlatanice paira sobre tais indivíduos que almejam simplesmente abraçar o poder pelo poder. São resultados de uma democracia capenga e defeituosa, que aceita tudo e todos e expurga a clareza e a decência.
Tem gente que consegue pescar até no deserto e ainda vender o peixe para o próprio mar. Uma vara de pescar tal e qual essa, alimentaria os famintos da democracia e confirmaria o positivismo escrito em caixa alta em nosso símbolo maior. Não se pode erguer um sonho com viagra, porque a dureza da vida pede mais que boa vontade. Ganhar de Papai Noel um presente que já recebemos é querer que o tempo pare num domingo e deixe o progresso de segunda-feira sempre na espera. Não vale a pena rezar quando os joelhos andam calejados de se arrastar numa procissão de desesperados.
É preciso mudar a direção do barco, mas a corrente desfavorável nos leva sempre para o mesmo lugar. Atracamos nossos sonhos num mar revolto e naufragamos assim a esperança nas repetições que a democracia dita. A escolha a que somos obrigados a fazer é dolorosa, retalha a razão e amputa as novas opções.
O show começou e quem tiver estômago aplauda a “carniçaria” explícita. Placas sinalizam o lado imundo da democracia, estampam tacitamente os desejos permissivos e a vontade de quem aproveita a fragilidade de um regime que aceita e compactua com erros e deslizes de outrora. Aceitar sem bradar a indignação, talvez, seja uma maneira de receber benesses e afagos que corrompem o coletivo.
É de assustar e de arrepiar cabelo de careca a sede de tais em busca de uma água que inundará os propósitos e os objetivos buscados a qualquer custo. E tome custo em tal empreitada! A quem aposte e apóie, quem torça e quem erga bandeiras, eu, por exemplo, me armo de engulhos e regurgito em cima do teclado do meu computador a minha repulsa contra uma lei que obriga a limpeza, mas está mais suja que banheiro de rodoviária. Ah! Aproveitei a “ficha limpa” da democracia e limpei o vômito que acabei de verter. Culpa do nojo que tenho!