Amor ou Prestação de serviços?
 


Eu não acredito em amor. Acredito em um homem que me preste serviços – bem feitos. (de uma “amiga”)
 


Quando ouvi esta observação, fiquei um pouco decepcionada, pois me pareceu que a mulher está deixando a sua feminilidade de lado e esquecendo o mais importante, que é o sentimento, aquela troca perfeita que tanto gostamos.

Obviamente que não estou fazendo referencia à guerreira mulher, aquela que cresceu ao longo dos anos e que se tornou igual ao seu par – outras vezes, muito melhor, que me perdoem alguns.

Os sonhos de moça eram simples e resumiam-se num baú cheio de lençóis bordados, panos de prato com os nomes da semana, toalhas de frivolité, cuidadosamente lavados com água de trigo – e muitas vezes eram repetidamente abertas, arrumadas, pano a pano, camisolas a camisolas, junto com os sonhos acumulados.

Os beijos existiam e não eram na intensidade e facilidade que existem hoje; a maioria era beijo roubado e tinha o sabor do pecado, do proibido! Cada um ia dormir com o corpo em pandarecos, de tanto desejo reprimido, de sempre ter alguém para olhar cada passo dado pelos namorados.

Alguns não suportavam o desejo e o resultado era uma barriga crescendo fora de hora e uma corrida para o casamento. Aí vinham as dificuldades, os filhos em penca e tudo que a mulher se tornava era uma mera prestadora de serviços. O amor acabava na primeira conta não paga no final do mês e o ato sexual tornava-se uma obrigação.

Muitos casamentos de longos anos abrigavam casas limpas e bonitas, dentes escovados e casais infelizes e isso não pode ser negado. As pessoas ficavam juntas pelas razões mais diversas e, dentre elas, a falta de independência financeira da mulher. Com o tempo – e esta história todos conhecem muito bem – a mulher foi à luta e hoje ofusca brilhantemente muitos homens que eram considerados peças importantes no mundo.

Muitas dessas mulheres enfrentaram a coragem de se separar, de seguir seu caminho. Com a liberdade viram os preconceitos, muito mais evidentes quando as pessoas tomavam conhecimento de mais uma mulher livre. A grande maioria dos homens machistas considera que a mulher livre está à disposição para momentos de prazer. Pobrezinhos. A banalização do amor chegou com força e todos nós sabemos disso.

A mulher tem que conviver com a inveja, principalmente sendo bonita ou tem habilidades que outras pessoas não possuem. A tendência de muitas delas é o afastamento de vida social, ao entrar em sua concha e não deixar ninguém fazer parte dela. A inveja corrói, come o âmago de qualquer pessoa e sentimos de longe quem é sincero ou não. O dia a dia nos mostra claramente quem deve fazer parte de nossas vidas.

Sei que divaguei um pouco do tema desta crônica, que tentei arduamente escrever ontem, mas o pensamento travava e eu não consegui terminar. O fato é que a afirmação de minha amiga não deixa de ter um fundo de verdade.

Vai chegar o dia, porém, que não poderemos – nem em pensamento - dizer que estamos amando alguém e que estamos sendo amadas de verdade.

Abuso ou absurdo, esta mesma "amiga" saiu com esta pérola e, em nenhum momento, mostrou que estava apenas brincando.

- Ah, que lindo, também quero! Você me dá?
 



Segunda feira de arrumação de minha concha interior, setembro de 2012
Ilustração - GoogleSearch
Sunny L (Sonia Landrith)
Enviado por Sunny L (Sonia Landrith) em 10/09/2012
Reeditado em 10/09/2012
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