O SABIÁ LARANJEIRA

A monotonia do cotidiano andava querendo surpreender-me e os horários milimetricamente estabelecidos no relógio para os afazeres do dia a dia estavam deixando-me um pouco entediado.

Os horários impostos pelos compromissos do sobreviver às vezes deixam-me um pouco atordoado e lembro-me dos tempos em que eu não tinha relógio e o tempo era o agora.

Naquela quinta-feira fui dormir exatamente no mesmo horário de costume e entrei em grandes reflexões sobre nossa existência e assim adormeci escutando belas músicas de um bar chamado “O Boêmio” que fica perto de casa.

Acordei sobre o canto de um sabiá que insistia em cantar e cantar e cantar, não foi possível permanecer deitado e levantei-me lentamente e fui recepcionar meu mais novo amiguinho: O sabiá laranjeira.

Coloquei um jarro de água no fogão para fazer o café matinal e fui apreciar a beleza de ser um pássaro e cantar maravilhosamente aquele horário, afinal eram apenas cinco e vinte da manhã e lá estava o meu amiguinho cantando despreocupadamente e olhando de soslaio ao seu redor. Não tenho inveja de absolutamente nada, mas naquele dia senti muita inveja do meu amiguinho sabiá. Talvez pela liberdade, pelo canto mavioso e por não ter horário com o cotidiano.

Os dias foram passando, passando e descobri que o meu amiguinho também tem horário para o seu canto matinal e está estabelecido que o mesmo aparece no pé de goiabeira entre cinco horas até cinco e meia e depois levanta voo e vai não sei pra onde.

O difícil e fazê-lo entender que aos sábados, domingos e feriados eu não trabalho, mas lá está ele a acordar-me às cinco da manhã.

Aos finais de semana eu acordo no mesmo horário, abro a janela e desejo um bom dia ao meu mais novo amiguinho: O sabiá Laranjeira.

LUCASI
Enviado por LUCASI em 09/09/2012
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