Questão Cultural...
Solange é dona de um boteco velho, fedido, e frequentado por sub pessoas.
Passei perto do boteco que é caminho da minha instituição de ensino e lá estava dona Solange, cabelos loiros com quatro dedos de raiz pretos, batom vermelho, blusa roxa aparecendo à barriga com seu novo piercing, barriga toda flácida, jeans bem apertado e sandália de plataforma, não posso me esquecer do cigarro na mão. Ela aparenta ter uns quarenta anos, não tem marido, mas tem seis filhos. Fala “pobrema” acha que “mim” é usado para conjugar verbo e é bastante barraqueira.
Ela estava cantando “ Se te amei se vou te amar, mas você nunca me amou”. Sucesso de uma banda de forró.
Eu a vi e a vejo como um ser humano tão diferente de mim. Resolvi não entrar na escola, resolvi entrar no seu boteco e comprar um chiclete ela me disse:
“vai querer o que menino?”
“ Quero um chiclete”.
Ela me olhou com a sobrancelha apontada para cima e soltou a fumaça do cigarro na minha cara.
“ um real”
disse ela.
Peguei o dinheiro e já fui logo entregando, mas não sem antes perceber que ela estava dando mole para o mecânico alcoólatra e muito fedido.
Dona Solange me deu e me da nojo até hoje pelas sua atitudes. Seus filhos estão pelo mundo.
Mas Solange também não teve mãe... Provavelmente os seus filhos se tornarão o que ela é hoje ou pior. Eles não têm uma expectativa de vida.
O meu papel foi só relatar o que vi. É muito diferente da minha realidade, só queria registrar isto.