C A S A M E N T O.
O casamento é a junção de dois seres para o milagre da formação de outras vidas pleno de quimera, estrada do onirismo do mundo fertilizado em gentes.
A união para ser próspera em emoções deve se dar por iguais em sentimentos, palavras e gestos. Embora vivam juntos há de se preservar o espaço de cada um, sua identidade, e em nenhum momento pode ou deve ser desrespeitado. Devem preservar o encontro sob pena do desencontro.
A identidade da aproximação pelas afinidades comungadas no descobrimento deve guardar distância, respeitada a individualidade dos que se amam. O lacre da individualidade é sacrário inviolável cujas chaves pertencem exclusivamente à personalidade de cada um.
Desse enlace que marca o mundo pela chegada de vidas, os filhos representam a vida na vida em ciclos e testemunhos do amanhã no processo da ancestralidade. São eles e exclusivamente eles as flechas atiradas para o horizonte longínquo levando a raiz que se transforma em flor e fruto da árvore.
A maternidade, mestra maior do milagre do surgimento dos corpos e a paternidade, germinarão vidas e trarão imemorialidade de suas jornadas no planeta, pensamentos, ações, bem ou o mal que propagaram.
Embora indispensável para a existência da vida, excluídas as exceções explicadas pela biologia, a paternidade é partícula menor no processo da criação. Não fora em vão que a natureza sinaliza mensalmente, em período breve, para a maternidade, o momento propício para conceber, o que não ocorre para a paternidade, que além de poder gerar filhos até provectas idades, a natureza sábia assim o permite, por não levar consigo o pai, a concepção durante a gestação, nem ter a responsabilidade de cuidar extremadamente da nova vida. Daí cessar para a mulher mais cedo do que para o homem sua participação no processo da criação, sem o que, em idade avançada, não teria forças para gerar por nove meses um filho, levá-lo no ventre e criá-lo.
Os filhos serão as únicas testemunhas presenciais vivas desses passos na breve passagem física de todos os seres que sucederam. Serão somente o agora que outros tornarão amanhã. São projeções do que foram essas ancestralidades remotas e próximas e exemplos projetados de vidas, sob o abrigo das bênçãos esperadas, trabalho, construção, alegria, prazer em viver e amor doado.