Os farofeiros
Quando a família Oliveira decidia ir à praia, era diversão garantida. Desde a preparação na véspera até o momento em que pisavam na areia. Era um tal de fritar frango, temperar a farofa, esfregar as crianças, experimentar roupas de banho, todos falando ao mesmo tempo. Ninguém da família sabia nadar. Os pequenos brincavam a beira da água com seus baldinhos coloridos .O pai animado por certa quantidade de cerveja ,vestindo um antiquado calção azul, entrava no mar como quem sabia oque fazia, mas logo era devolvido á areia pelas ondas num caldo de causar pena. A mãe envergonhada em seu maiô que lhe realçava ainda mais a barriga protuberante, assistia as aventuras da família sentada em uma toalha encardida. Dizia não gostar da água salgada, mas na verdade tinha era vergonha de se expor aos olhos das outras pessoas. A mocinha de quinze anos, de vez enquanto ia até a beira da praia e deixava que as pequenas ondas lhe banhasse o corpo magro e soltava gritinhos agudos. O rapaz de quase dezoito anos passava a maior parte do tempo sentado na areia observando maravilhado as moças passarem em seus sumários biquínis. A avó uma senhorinha de sessenta e tantos anos, vestida em um maio preto e branco com um grande decote em v, era a que mais se divertia. Parecia uma baleia grande e branca, dando pulinhos e fingindo nadar quando as ondas viam de encontro ao seu corpo roliço. Mas a hora mais divertida era a hora do almoço. De longe se ouvia a algazarra. Eram gritos de a “a coxa é minha”, “o peito é meu”, “quero mais refrigerante”. Tudo era devorado numa esganação de quem nunca comera frango e farofa na vida. Os copos de plástico eram cheios o tempo todo com um refrigerante difícil de saber a marca e de cor indefinida. As crianças com as boquinhas lambuzadas de gordura brigavam entre si pelo último pedaço de frango. O rapaz já alimentado voltava sua atenção para as beldades que passavam indiferentes ao menino espinhento. A garota tal qual uma lagartixa avermelhada, deitava-se em uma toalha puída e dormitava com um dedo seco enfiado na boca. As duas mulheres mais velhas recolhiam o vasilhame sujo, sacudiam os restos de comida da toalha de plástico que servira de mesa, bebiam o restante do refrigerante aguado e quente, e também se entregavam a um cochilo sem sonhos. O pai após arrotar ruidosamente, vestia a camiseta e ia caminhar pesadamente pela praia, parando aqui e ali para apreciar a molecada jogando bola e dando palpites no futebol alheio, como se fosse um expert no assunto. Quando o sol começava a se esconder no horizonte, a família Oliveira juntava seus pertences, entrava na velha Kombi e seguia para casa. Todos satisfeitos com o passeio, planejando a próxima ida á praia. 09/09/2012