PICOLÉ DE SABÃO
Quando era criança, tinha um momento especial em minhas tardes era quando ele vinha, com o grito já costumeiro, "Ó, o pi..., colé", assim mesmo com a pausa, era incrível , nós o rodeávamos, e, ele atendia a todos "queremos picolé de sabão" gritávamos e ele nos dava, não que fosse de sabão mas porque o picolé era azul.
Nós não conhecíamos aquele sabor, sabíamos de cor e salteado, os de tapioca, morango, leite condensado, mas, aquele azul não sabíamos o nome, colocamos sabor sabão, porque era azul igual ao sabão em pó.
Custava dez centavos, e todos os dias o cercavamos querendo o picolé, aumentou para 15 centavos, ainda o cercavamos, ficou 20 cents, eramos menos mas ainda estávamos, 25, 30, ..., sumimos o picolezeiro também todo aquele deslumbre pelo picolé de sabão acabou, crescemos, agora não era mais picolé de sabão, sabíamos o nome do sabor: bubaloo.
Um bom tempo depois o picolezeiro passou, não mais, com o grito famoso, não mais com o carrinho e o sino, passou, eu estava em um bar junto com as outras crianças que outrora o cercava, ele passou, calamos, não nos olhou, continuamos a beber e sorrir, só quem chorava eram seus familiares, que perdiam um ente querido,e a minha criança do passado que perdera para sempre o picolé de sabão, e continuei a beber, e ele foi sem grito de "Ó, o pi...,colé" sem mais as crianças a o cercarem " quero um picolé de sabão", só o passado, e o bar, e a morte.
Só.