Silenciosa eloquência
Olhos de puro ébrio frugal e sereno. Vieram em minha direção, ultrapassando as mais frágeis muralhas de meus sentimentos. Me adentraram a alma e deixaram-se estar no meu ser, como esquecidos. Embevecidos, sutis e mágicos; pareciam puxar-me para dentro de si, como se me quisessem lá por toda a eternidade. Já os meus olhos macios e encabulados apontavam para o chão, mas fitavam o meu coração, que em meio a toda aquela breve concupiscência, diziam-me que a solidão havia saído para uma volta na lua, e à minha frente estava a tão antiga almofada que construíra em noites passadas para repousar o meu amor. Em meio a palavras ineptas, as pálpebras artisticamente firmes e abertas aos poucos foram sendo cerradas. E com um gesto contrário, o meu sorriso trêmulo deu adeus aos olhos de puro ébrio frugal e sereno.
Os meus ficaram ali; como o barco parado no porto.
No porto.