AVE MARIA
Sentada em meu jardim, olhava o dia se despedir, no céu uma tela de rara beleza estava sendo pintada.
Olhei meu relógio de pulso, e vi que eram exatamente dezoito horas.
Meus pensamentos voaram para longe.
Me vi menina. E com os olhos da lembrança, revi minha avó Carmela, olhar para o relógio de nossa cozinha, e apressada pegar no guarda-comida, um copo, em seguida enchê-lo com água da moringa, que ficava sobre a pia.
Acompanhei-a, com a memória da saudade, e a vi, indo em direção ao seu quarto, onde mantinha um pequeno oratório.
Lá, ela ajoelhada e contrita tinha um terço entre os dedos, e orava.
O copo com água, estava depositado aos pés da imagem de Santa Maria. Com fé, minha avó rezava. Naquele momento ela pedia por toda família, em especial por aquele(s) que estivesse(m) vivendo alguma dificuldade de saúde.
Lembrei-me, como todos nós tínhamos fé, nas orações de minha avó. Intuitivamente sabíamos que ela, possuía meritos, para interceder por nós, junto a Mãe de Jesus.
Esse hábito era praticado todos os dias às dezoito horas.
Minha avó chamava de hora da Ave Maria.
(foto da autora- Entardecer hoje)