Meu primeiro beijo - só que gay!

A história do meu primeiro beijo é uma coisa muito chata e como eu sou um chato eu vou compartilhá-la com vocês, meus novos amigos.

Creio que nunca contei-a integralmente a ninguém - que medo!

Tive muita dificuldade em aceitar minha homossexualidade. O fato de não ter nenhum amigo homem, gay ou hetero, foi um dos fatores de eu ter me escondido de mim mesmo por muito tempo. Além, é claro, de ter sido discriminado a vida inteira. Portanto, a minha porta de saída foi a internet. Ah, a internet. Essa menina faceira que nos seduz e nos inebria com seus encantos mil. Comigo não poderia ser diferente. Comecei a entrar em salas de bate-papo; a cada novo amigo que fazia, estremecia por dentro, pensando que isso seria errado ou que ele seria o príncipe da minha vida. Sempre fui contraditório, não seria diferente desta vez. Eu tinha apenas dezessete anos à esta época, pensava que poderia dominar o mundo, pensava que sabia mais que todo mundo. Como eu era ingênuo, meu deus. Acho que sempre somos ingênuos ou maus nesta fase de nossas vidas. Creio que eu tinha um pouco dos dois; e podem contabilizar mais uma contradição. O fato foi que conheci um rapaz chamado Gabriel, no bate-papo uol - claro!!! Não tenho vergonha de dizer isso, porque nós usamos a arma que possuímos e no momento eu não possuía muitas outras armas. Devido ao meu histórico de bullying, sempre tive problemas de relacionamento, acho que tenho um pouco até hoje, só que em escala menor. Marquei o encontro com ele sem vê-lo pela webcam, sem telefonema, sem nada, simplesmente com a cara e a coragem. Impulsividade era um dos meus nomes nessa época. Sei lá o que eu estava pensado. Provavelmente em bosta nenhuma - adolescentes nunca pensam e muita coisa mesmo ou pensam tantas coisas que acabam não pensando em nada.

Eu fui. Quase me caguei no trem de tão nervoso que eu estava, mas eu fui. Passavam milhões de coisas pela minha cabeça e ao mesmo tempo nada - agora, já são três contradições. Parecia que ao invés de estar no trem, eu estava dentro de um redemoinho no meio do oceano. Mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos e eu sobrevivi ao trajeto. Cheguei ao shopping e fui até o cinema. Assistiríamos ao filme: X-men, 3 - ah, quanto tempo... O caso foi que quando cheguei lá e o vi, queria sumir. Ele era baixinho, gordinho e feinho, resumindo, eu estava fodido. Não consegui falar nada com ele direito - eu não estava nem conseguindo falar comigo mesmo naquela hora. Entramos na sala de cinema, ele pediu para sentarmos nos assentos preferenciais, eu sentei. Eu havia comprado umas bolinhas de chocolate que ele abriu e começou a colocar cada uma delas na minha boca, passando os dedos lentamente na minha boca. Eu não sabia se eu estava tendo um ataque ou se estava gostando, foi tudo muito estranho para mim. Algum tempo depois ele começou a passar a mão na minha perna e de repente, ele estava com a boca na minha. Eu o beijei de volta, mais por reflexo do que por vontade.

Não assisti à nenhuma parte do filme. Tudo foi completamente novo e estranho. Se foi bom eu não sei, nem nunca vou saber, tudo foi como aqueles momentos em que sofremos um acidente e tudo passa em câmera lenta, depois é acelerado, depois acabou! Acabou mesmo!

Zanarolli
Enviado por Zanarolli em 07/09/2012
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